Estimativa da idade à morte numa amostra forense portuguesa : o método Suchey-Brooks (1990) e a revisão de Hartnett (2010)

Abstract

A estimativa da idade é um dos temas mais abordados no âmbito da antropologia biológica e forense, revelando a quer a importância quer a complexidade do tema e, dentro desta temática, a sínfise púbica tem sido, desde o início do séc. XX, uma das regiões anatómicas mais estudada. Desde o início do séc. XX, foi percebida uma relação entre as alterações morfológicas da sínfise púbica e a idade cronológica e, ao longo do séc. XX e séc. XXI, muitos foram os investigadores que procuraram compreender essa relação, de modo a produzir métodos de estimativa de idade mais fiáveis.O método Suchey-Brooks surge como um dos métodos que parece responder à necessidade da estimativa fiável da idade e depressa começa a ser utilizado a nível global. Durante mais de vinte anos, este parece ter sido um dos métodos preferidos pelos antropólogos, no entanto, também lhe foram sendo reconhecidas algumas críticas. A recente publicação de uma revisão do método Suchey-Brooks, tornou necessário proceder à avaliação da aplicabilidade dos dois sistemas ao contexto forense nacional. Para tal foram colhidas 200 sínfises púbicas de indivíduos do sexo masculino, com idade superior a 18 anos, com ausência de evidências de patologia na região pélvica. Pudemos constatar que, de um modo geral, a revisão de Hartnett parece apresentar vantagens na estimativa da idade, uma vez que apresenta um grau de estimativa correta superior e níveis de viés e de erro absoluto inferiores, sobretudo devido à revisão das estatísticas das fases 4 e 5 e inclusão de uma fase 7. No entanto, ainda assim, cerca de ¼ das sínfises púbicas apresentam caraterísticas morfológicas que tornam a estimativa da idade uma tarefa mais difícil.

The estimation of age is one of the most researched topics in the field of biological and forensic anthropology, revealing both the importance and the complexity of the theme and, within it, the pubic symphysis has been, since the beginning of the 20th century, one of the most studied anatomical regions. Since the beginning of the 20th century a relationship was found between morphological changes of the pubic symphysis and chronological age and, throughout the 20th and 21st centuries, many researchers have sought to understand this relationship in order to produce more reliable methods of estimating age. The Suchey-Brooks method emerges as one of the methods that seems to respond to the need for a more reliable estimation of age and soon begins to be used globally. For over twenty years, this seems to have been one of the preferred methods by anthropologists, however, it has also been recognized some criticism. A recent article concerning the revision of the Suchey-Brooks method made necessary to evaluate the applicability of the two systems to the national forensic context. In order to achieve this purpose, 200 male pubic symphysis, aged over 18 years, with absence of evidence of pathology in the pelvic region were collected and analysed.In general, the Hartnett revision seems to have advantages in age estimation, since it presents a higher level of correct age estimation and lower bias and innacuracy levels, mainly due to the revision of the statistics of phases 4 and 5 and inclusion of a phase 7. However, still, about a quarter of the pubic symphysis present morphological characteristics that make the estimation of age a more difficult task.