Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/630
Título: A população e o povoamento da Gândara: génese e evolução
Autor: Cravidão, Fernanda Maria da Silva Delgado 
Palavras-chave: Geografia Humana
Data: 14-Nov-1988
Citação: CRAVIDÃO, Fernanda Delgado - A população e o povoamento da Gândara: génese e evolução. Coimbra, 1988.
Resumo: A Gândara constitui uma sub-unidade regional no Centro Litoral Português que abrange cerca de 500 km2, de morfologia plana e solos essencialmente arenosos, onde domina o clima mediterrânico com influência do Atlântico. É um espaço recentemente ocupado, cuja densidade populacional passou, em cerca de 200 anos, de 7 para 100 hab./km2. Porém, a estrutura económica não evoluiu no sentido de suportar a pressão demográfica entretanto desenvolvida e por isso é uma área marcada por intensos fluxos migratórios, para além de se ter mantido como um território marcadamente rural onde as perspectivas de desenvolvimento se foram mantendo ausentes. Em face disso, pensamos que, no conjunto do Litoral Português, referência habitual de desenvolvimento do país, a Gândara se manteve, e ainda se mantém, como área periférica. A investigação que levámos a cabo foi no sentido de mostrar como ao longo do tempo este espaço se manteve, por um lado, alheio à ocupação de grande parte do território nacional, e por outro, como os indicadores relativos à estrutura social da população se aproximaram quase sempre mais das regiões do Interior do país do que do Litoral onde se situa. Embora o Numeramento de 1527-1532 revele que ao terminar o primeiro quartel do século XVI o país se encontrava relativamente ocupado, a Gândara seria ainda constituída por vastos espaços baldios, brenhas e matos. Apenas dois núcleos - Quiaios vindo do séc. IX e Mira do séc. XI - testemunham um povoamento antigo que só muito mais tarde se irá difundir pela área gandaresa. A informação que recolhemos desde o início do século XVII até 1864, a partir dos Registos Paroquiais e a análise do Dicionário Geográfico de 1758 possibilitou-nos não só verificar qual a origem dos indivíduos que colonizaram a Gândara, mas, sobretudo, permitiu-nos localizar os momentos mais importantes dessa fase de ocupação. Orientados de Norte para Sul deverá ter sido entre 1700 e 1750 que os maiores fluxos de população se desenvolveram. Porém, no final do séc. XIX, novo ciclo se abre na história da ocupação deste espaço. Desenvolve-se um movimento contrário àquele que transformou um deserto humano num território intensamente ocupado. O Brasil passará então a constituir o principal ponto de chegada de emigrantes gandareses. No entanto, e tal como sucedeu em todo o território nacional, a partir de finais dos anos 50, opera-se uma modificação nos fluxos emigratórios: a França e outros estados da Europa passam a ser os grandes receptores de mão-de-obra portuguesa. Após 1980, assiste-se a um movimento de retorno à Gândara de centenas de indivíduos que, salvo algumas excepções, pouco contribuem para o desenvolvimento regional. Apesar de regressarem em idade activa, trata-se de uma população envelhecida que raramente ultrapassa a dimensão do produtor doméstico. Para os gandareses que ficaram, a agricultura é a actividade dominante. Porém, a partir dos anos 70, uma nova componente se começa a delinear na estrutura económica da Gândara - a criação de gado leiteiro. A instalação e desenvolvimento de cooperativas vai funcionar como importante agente dinamizador daquele sector produtivo. Actualmente a Gândara contribui com cerca de 1/3 da produção de leite da Beira Litoral; porém deve chamar-se a atenção para o facto de a estrutura de efectivo leiteiro apresentar poucas modificações em relação ao início dos anos setenta. Assente em explorações que raramente ultrapassam 1 hectare, onde o número médio de blocos atinge 8 unidades, onde a idade dos produtores é elevada e o grau de instrução reduzido, não é difícil supor que a economia da Gândara se apresenta com graves problemas. A nova escala decorrente da entrada de Portugal na CEE pode gerar para os gandareses em particular e para os pequenos produtores em geral situações difíceis de ultrapassar. Se algumas soluções passam pelo Poder Central, outras terão de ser realizadas pelas autarquias locais. Assim, julgamos que as acções prioritárias devem passar em primeiro lugar pela promoção do nível cultural da população: alfabetização de numeroso quantitativo de indivíduos e cumprimento da escolaridade obrigatória. Além disso, o aumento da dimensão das explorações, a melhoria da estrutura do efectivo leiteiro, a melhoria da qualidade do leite, a utilização de pastos e forragens, a introdução de novas espécies, o aproveitamento pleno das condições físico-climáticas da área, são algumas das orientações a seguir visando o desenvolvimento da Gândara e a sua contribuição para o desenvolvimento regional equilibrado.
Descrição: Tese de doutoramento em Letras (Geografia Humana) apresentada à Fac. de Letras da Univ. de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/630
Direitos: embargoedAccess
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