"Seriously! Are you kidding or not?": o impacto do Teasing no autoconceito de crianças e adolescentes a frequentarem o 2º e 3º ciclos de escolaridade

Abstract

Nos últimos anos, tem-se assistido a um crescente interesse pelo estudo do fenómeno do teasing. Sendo este um constructo ambíguo, relacionado com a subjetividade da perceção individual, a tarefa de identificar os seus efeitos no sujeito é dificultada. Reconhecendo-se a importância da qualidade das interações que o sujeito estabelece ao longo da vida para a construção do seu autoconceito, procura-se, nesta investigação, compreender melhor as manifestações do teasing na infância e adolescência e as suas implicações logo nestas fases. A presente dissertação tem como principal objetivo o estudo da relação entre teasing e autoconceito, analisando o impacto do primeiro sobre o segundo, observado numa amostra de 533 crianças e adolescentes, com idades entre os 10 e os 15 anos (M = 12,60; DP =1,56), a frequentarem o 2º e 3º ciclos de escolaridade. Utilizaram-se como instrumentos as versões portuguesas do Teasing Questionnaire revisto, nas duas formas, presente e passado (Nobre-Lima, Almeida, & Costa, 2015) e a escala de Piers- Harris Children’s Self-Concept Scale (Veiga, 2006). Os resultados revelam uma elevada prevalência deste fenómeno, tanto no passado recente (67,2%), como no presente (53,5%), justificando assim a pertinência deste estudo. O teasing no domínio Aparência, parece ser o mais comum. O sexo feminino apresenta um maior relato de experiências de teasing, assim como as crianças de um nível socioeconómico alto. Quanto ao autoconceito, destaca-se a prevalência nos níveis de ansiedade para o sexo feminino. As correlações negativas encontradas entre este constructo e a idade refletem-se numa avaliação global do autoconceito mais elevada para o 2º ciclo de escolaridade. A relação entre o fenómeno do teasing e o autoconceito ficou comprovada pela existência de correlações negativas entre os dois constructos avaliados, pelo que quanto mais gozadas são as crianças, menor será o seu autoconceito. Este estudo cumpre assim o seu propósito, confirmando o impacto do teasing no autoconceito das crianças e adolescentes. Apesar da sua importância para um conhecimento mais aprofundado deste fenómeno, reconhecem-se algumas limitações, e são levantadas questões pertinentes para explorar em futuras investigações.

In the last few years, there has been an increasing interest in studying the phenomenon of teasing. Due to it being an ambiguous construct, related with the subjectivity of the individual perception, the task of identifying its effects on the subject is difficult. By recognizing the importance of the quality of the interactions established by the subject during their life course for the construction of their self-concept, this investigation aims to better understand the teasing expressions in infancy and adolescence and its implications during these phases. The present dissertation has as its main objective the study of the relation between teasing and self-concept, by analyzing the impact of the first on the second, observed on a sample of 533 children and adolescents, with ages between 10 and 15 years old (M = 12.60; DP =1.56), that are attending the 2nd and 3rd educational cycles. The instruments utilized were the portuguese version of Teasing Questionnaire revised, it its two forms, present and past (Nobre-Lima, Almeida, & Costa, 2015) and Piers-Harris Children’s Self-Concept Scale (Veiga, 2006). The results reveal a high prevalence of this phenomenon, both in the recent past (67.2%) and in the present (53.5%), which justifies the relevance of this study. Teasing appears to be most common in the Appearance domain. The female gender shows a major relation with experiences of teasing, as well as children of a high socio-economic level. About the self-concept, it’s important to refer a prevalence on anxiety levels in the female gender. The negative correlations found between this construct and age are reflected in a higher global evaluation of the self-concept for the second educational cycle. The relation between the phenomenon of teasing and self-concept was proved by the existence of negative correlations between the two evaluated constructs, which shows that the more children are teased, the lower their self-concept will be. This study fulfills its purpose, by confirming the impact of teasing on children’s and adolescents’ self-concept. Despite its importance for deepening the knowledge about this phenomenon, the study has recognized limitations, and raises relevant questions to explore in future investigations.