Prescrição racional no idoso : medicamentos potencialmente inapropriados

Abstract

No decorrer do processo de envelhecimento tudo parece favorecer a redução da segurança terapêutica: alterações farmacocinéticas e dinâmicas, aumento da incidência de doenças crónicas e incapacitantes, entre outros. Nesse contexto, o uso de medicamentos potencialmente inapropriados tem sido extensamente documentado na literatura. Deve-se evitar a prescrição de tais medicamentos, tanto por não serem eficazes, como por apresentarem riscos desnecessariamente elevados para pessoas idosas. Para tal, os profissionais de saúde dispõem de uma panóplia de ferramentas desenvolvidas nos últimos anos, com o propósito de identificar o uso destes medicamentos potencialmente inapropriados e por consequente, melhorar a qualidade da prescrição. Os objetivos principais deste trabalho foram avaliar a prevalência do uso de medicamentos potencialmente inapropriados no idoso; averiguar quais os medicamentos mais frequentemente prescritos e quais os fatores de risco relacionados com este consumo e finalmente, analisar a existência de repercussões na saúde do doente geriátrico. A pesquisa foi feita utilizando como palavras-chave medicamentos inapropriados; idoso; prescrição racional; polimedicação; reação adversa a medicamentos. As bases de dados usadas online foram a PubMed e a Cochrane summaries ou, caso a situação o exigisse, livros e revistas da especialidade, tendo sido incluídos artigos em inglês, espanhol, português e francês, desde 1989 a 2015, inclusivé. Com base na análise destes artigos, verificou-se uma maior adequação dos Critérios de Beers e dos Critérios STOPP (Screening Tool of Older Persons’Prescriptions) às realidades americana e europeia, respetivamente. As benzodiazepinas de longa duração de ação foram a classe farmacológica de medicamentos potencialmente inapropriados mais frequentemente prescrita. A polimedicação, o sexo feminino, a idade avançada e doentes com diagnósticos de depressão/ansiedade foram os fatores/grupos de risco mais frequentemente associados ao uso de tais fármacos. A prevalência do consumo manteve-se relativamente elevada e estável ao longo dos anos traduzindo por um lado, o fraco impacto da publicação destes critérios e por outro, a necessidade de consciencialização dos diversos profissionais de saúde no que respeita a esta problemática.

During the aging procedure everything seems to favor the reduction of therapeutic safety: pharmacokinetic and dynamic changes, increased incidence of chronic and incapacitating diseases, among others. In that context, the use of potentially inappropriate medication has been extensively documented in literature. The prescription of said medication should be avoided, both for not being effective and for presenting unnecessarily high risks for elder people. As such, health professionals possess a panoply of tools developed in recent years, with the purpose of identifying the use of the previously noted potentially inappropriate medication and consequently, improving the quality of the prescription. The main goals of this work were to evaluate the prevalence of the usage of potentially inappropriate medication on elders; to ascertain which medication was prescribed more frequently and which risk factors were related to their consumption and lastly, to analyze the existence of repercussions in the geriatric patient's health. This research was conducted using the following keywords: inappropriate medication; elderly; rational prescribing; polypharmacy; adverse drug event. The online databases used for the research were Pubmed and Cochrane summaries and, when necessary, specialty books and periodic magazines were used to clarify some subjects. In the final work articles in English, Portuguese, Spanish and French were included, from 1989 to 2015 (included). Based on the analysis of these articles, a larger adequacy in the Beers and STOPP (Screening Tool of Older Persons' Prescriptions) criteria to the European and American realities, respectively, were verified. The long duration of action benzodiazepines were the pharmacological class of potentially inappropriate medication prescribed the most often. Polimedication, the female gender, the advanced age and patients diagnosed with depression/anxiety were the factors/groups of risk more frequently associated with the use of said drugs. The prevalence of the consumption was kept high and stable through the years, translating, on one hand the weak impact of the publication of these criteria, and on the other, the necessity of raising awareness about the diverse number of health professionals in regards to these issues.