Entre a vulnerabilidade e o enfrentamento : jovens actores na economia informal da cidade de Luanda

Abstract

O presente trabalho analisa a inserção dos jovens na economia informal na cidade de Luanda enquanto uma das principais estratégias de sobrevivência face a situação de carência e vulnerabilidade. Sendo a economia informal um fenómeno bastante complexo, heterogéneo, dinâmico e que comporta riscos diversificados, procuramos centrar a abordagem nas formas de associação e nas estratégias empreendidas pelos jovens como mecanismos articulados para enfrentar situações adversas. A aproximação sobre a problemática estudada não é feita sem antes proporcionarmos elementos pertinentes de enquadramento conceptual e contextualização empírica da realidade angolana. Na primeira parte do trabalho, após uma discussão teórica sobre os vários conceitos de economia informal que culmina com a definição de um conceito operacional, são evidenciados os factores políticos, históricos e socioeconómicos determinantes na degradação das condições de vida de muitas famílias, impulsionando o surgimento de actividades na economia informal. Em seguida, por intermédio da análise documental, procuramos sintetizar os discursos e práticas dos poderes públicos em relação ao informal bem como o seu impacto sobre o exercício das actividades. Com a aplicação da metodologia qualitativa, baseada em entrevistas semi-estruturadas, conversamos com jovens trabalhadores de diferentes actividades da economia informal, com o objectivo de compreender as trajectórias, vivências e dinâmicas de interajuda desses actores que têm o trabalho informal como fonte de subsistência. Como principais resultados verificou-se que devido aos elevados índices de desemprego, no espaço urbano da cidade de Luanda, os jovens viram-se forçados a desenvolver actividades na economia informal como forma de garantir a sobrevivência. Um factor agravante está relacionado ao facto dos jovens apresentarem baixo nível de escolaridade e não possuírem qualquer tipo de formação profissional, que em nada contribui para uma mudança significativa das condições de vida. A actuação dos poderes públicos, baseada principalmente em medidas pontuais de condução da informalidade e intercaladas com algumas medidas de repressão, pouco tem contribuído para o diálogo com os diferentes actores sociais, o que dificulta a articulação de mecanismos de redução da pobreza, de promoção do emprego e, consequentemente, de redução do peso da economia informal.