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Título: Introdução dos antibióticos em Portugal: ciência, técnica e sociedade (anos 40 a 60 do século XX). Estudo de caso da penicilina
Autor: Bell, Victoria 
Orientador: Pita, João Rui
Pereira, Ana Leonor
Palavras-chave: Sociofarmácia
Data: 23-Abr-2015
Citação: BELL, Victoria - Introdução dos antibióticos em Portugal : ciência, técnica e sociedade (anos 40 a 60 do século XX) estudo de caso da penicilina. Coimbra : [s,.n.], 2014. Tese de doutoramento. Disponível na WWW em: <http://hdl.handle.net/10316/27045>.
Resumo: Esta tese de doutoramento tem por objetivo estudar a introdução e receção da penicilina em Portugal nos 40 a 60 do século XX e compreender as repercussões que o antibiótico teve na medicina e na farmácia, tendo como pano de fundo diferentes contextos como o político, socioeconómico e científico. A circulação dos saberes científicos, as instituições envolvidas na importação inicial e os diferentes protagonistas foram objeto da nossa investigação. Propusemo-nos avaliar a aceitação da penicilina por parte da comunidade científica, estudar a divulgação do antibiótico na comunidade médica (clínica) e no sector farmacêutico. O estudo compreende duas partes. Na primeira parte analisámos as publicações realizadas internacionalmente sobre a penicilina e todas as questões decorrentes da sua descoberta, produção à escala piloto, produção industrial e comercialização. Na segunda parte abordámos a introdução e a receção dos antibióticos em Portugal, tomando como estudo de caso a penicilina. Foram analisadas dezenas de periódicos científicos e a imprensa generalista para analisar a receção da penicilina na comunidade científica. Noutro capítulo tratamos da receção da penicilina enquanto medicamento em Portugal. Em Maio 1944, a penicilina foi introduzida em Portugal pela Cruz Vermelha Portuguesa (CVP). A partir de Setembro desse ano a instituição acordou com o governo dos Estados Unidos da América a importação regular do medicamento. Portugal tornou-se assim num dos primeiros países do mundo que não havia participado na II Guerra Mundial a obter penicilina para uso civil. Como a produção mundial do antibiótico não era suficiente para satisfazer todas as necessidades, a CVP constituiu uma comissão controladora para analisar os pedidos efetuados e controlar a distribuição da penicilina em Portugal: a Junta Consultiva para a Distribuição de Penicilina em Portugal (JCDPP). Em 1945, em função do aumento da produção da penicilina a JCDPP foi extinta e o antibiótico foi integrado no circuito comercial de venda de medicamentos. A Comissão Reguladora dos Produtos Químicos e Farmacêuticos (CRPQF) teve um papel decisivo na sua regulação. A partir de 1947 a penicilina começou a ser importada como matéria-prima. Em 1948 foram lançadas no mercado as primeiras especialidades farmacêuticas com penicilina preparadas em Portugal. A penicilina exerceu uma importante influência na indústria farmacêutica nacional. As necessidades do mercado obrigaram a um aumento da produção o que se refletiu não só na dimensão das empresas como na sua especificidade técnica e na contratação de mão-de-obra especializada. Noutro capítulo estudamos a introdução da penicilina numa instituição hospitalar: os Hospitais da Universidade de Coimbra. A pesquisa foi conduzida no Arquivo da Universidade de Coimbra e permitiu-nos recolher informações sobre a introdução da penicilina naqueles Hospitais e sobre os primeiros tratamentos efetuados com o medicamento nestes hospitais. Consultámos milhares de processos clínicos e através da sua análise concluímos que a penicilina foi bem aceite e rapidamente incorporada no conjunto de medicamentos habitualmente prescritos nestes hospitais. O antibiótico foi utilizado de acordo com as recomendações existentes. As patologias em que foi empregue encontravam-se, maioritariamente, entre as de indicação absoluta para a administração do medicamento, sendo a percentagem de curas obtidas elevado. Verificámos que a prescrição do medicamento aumentou com o incremento da produção mundial de penicilina e consequente facilidade na sua obtenção. A penicilina foi o primeiro medicamento antibacteriano e esteve na base de novas descobertas e produção de outros antibióticos. Como tal abriu uma nova etapa na terapêutica medicamentosa. As alterações impostas pela necessidade de produção de grandes quantidades de penicilina ocasionaram profundas alterações na indústria farmacêutica, quer a nível de dimensão quer a nível de organização interna. Os resultados obtidos pela terapêutica através da penicilina e posteriormente de outros antibióticos permitiram tratamentos ambulatórios a doenças onde anteriormente eram necessários períodos de internamento longos. Logo após a descoberta da penicilina e da sua introdução no mercado houve a consciência das resistências aos antibióticos que a antibioterapia desregulada poderia ocasionar. A introdução de penicilina em Portugal permitiu, além do tratamento de casos clínicos, a realização de importantes trabalhos científicos. Médicos e farmacêuticos portugueses evidenciaram um grande interesse no medicamento. Desenvolveram importantes trabalhos de revisão, inúmeros estudos sobre a sua aplicação terapêutica e trabalhos dedicados a averiguar a qualidade do medicamento. A Escola de Farmácia da Universidade da Coimbra, através dos seus Cursos de Férias, também revelou preocupação em informar os seus alunos e mantê-los atualizados sobre as propriedades e aplicações da penicilina, bem como sobre os métodos de preparação da mesma. Foi abordada em traços gerais a introdução de outros antibióticos em Portugal. No caso da estreptomicina referimos o papel exercido pela CVP na sua importação e mencionámos o seu impacto no tratamento da tuberculose. Relativamente a outros antibióticos, como a cloromicetina e a aureomicina, demos ênfase aos trabalhos científicos realizados por investigadores portugueses sobre a sua aplicabilidade clínica. Palavras-chave: história dos antibióticos; história da penicilina; indústria farmacêutica; Cruz Vermelha Portuguesa; Hospitais da Universidade de Coimbra; século XX.
Descrição: Tese de doutoramento em Ciências Farmacêuticas, apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/27045
Direitos: openAccess
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