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https://hdl.handle.net/10316/21405
Title: | Subjectividade, Semântica e Estruturas da Vida Íntima. Investigações em torno dos conceitos de Família e Género da Sociedade Moderna | Authors: | Carvalho, Cláudio Alexandre dos Santos | Orientador: | Pires, Edmundo Manuel Porém Balsemão | Keywords: | Intimidade; Família; Individualidade; Subjectividade; Paixão | Issue Date: | 21-Dec-2012 | Citation: | CARVALHO, Cláudio Alexandre dos Santos - Subjectividade, semântica e estruturas da vida íntima. Investigações em torno dos conceitos de família e género da sociedade moderna. Coimbra : [s.n.], 2012. Tese de doutoramento. Disponível na WWW: http://hdl.handle.net/10316/21405 | Abstract: | A família e o género mantêm na sociedade contemporânea determinados traços onde se detecta
a extrema importância que assumiam nas sociedades com diferenciação segmentária e estratificada.
A Filosofia clássica elegeu a família como tópico cardinal para o debate da ordem política, ética e
pedagógica, ao passo que nela o género permaneceu como pressuposto indiscutível. Se esse é um
conceito moderno é justamente porque nele se põe em causa a simplicidade e fixidez da ontogénese
individual conforme ao modelo clássico da individuação. Este estava assegurado por uma
configuração rígida das relações de parentesco.
A intimidade que caracteriza a sociedade moderna é o resultado de profundas alterações na
diferenciação interna da família e na marcação da fronteira relativamente ao seu meio exterior. É a
partir da observação da vivência emocional que na sociedade contemporânea se tematiza o enlace
conjugal com base na livre escolha, na manutenção de vínculos duradouros com partilha de
responsabilidades e recursos e no delinear de projectos de vida conjunta. Essas características não
decorrem de um conceito imutável de família a que os seus membros se conformam mas resultam
do encadeamento complexo entre diferentes discursos normativos onde se observam os modelos e
práticas familiares. A descrição adequada da intimidade requer a análise não só da continuidade das
formas familiares antigas mas também da alteração do modo como os sistemas psíquicos se
relacionam com a comunicação íntima.
A generalização simbólica do amor-paixão, a observação da vida emocional e da individualidade
resultam de um longo processo de descrição da família nos diferentes discursos da sociedade. Na
semântica que se adensa em torno da família encontramos um conjunto de selecções e esquemas
comunicativos onde, apesar do declínio da vigilância moral sobre o comportamento dos seus
membros, se inscrevem as formas adequadas de co-referência emocional que caracterizam o sistema
da intimidade. A irrupção do romance como forma literária onde se irão inscrever as novas
condições que presidem ao encerramento íntimo, a teoria e prática científica da Psiquiatria e da
Psicanálise e também a evolução do discurso feminista, partilham como ponto de partida uma
referência a essa semântica que passa a conceder prioridade à realização do indivíduo, ao mesmo
tempo que lhe propõe novos motivos e exigências de sensibilidade à vivência dos demais membros
do sistema.
A generalização de meios comunicativos diferenciados, não transparentes à consciência constitui
a oportunidade contemporânea de observar a estrutura e processos que caracterizam a intimidade.
A selectividade da semântica da intimidade liberta-se de padrões morais ubíquos objectivando
novas exigências psíquicas na estrutura social. Examina-se a hipótese de que a demarcação do
conceito de género da necessidade natural ou divina é um dos mais expressivos resultados da
semântica da paixão. In modern society family and gender maintain certain features where one can detect the extreme importance they assumed in societies with segmentary and stratified differentiation. Classical Philosophy elected family as a cardinal topic for the debate of political, ethic and pedagogic order, but gender remained as an unquestioned presupposition. If this is a modern concept it is precisely by the way it puts into question the simplicity and fixity of individual ontogenesis faithful to the classic model of individuation. Such model was secured by a rigid configuration of kinship relations. The intimacy which distinguishes modern society is the result of deep changes in the internal differentiation of family and in the mapping of its frontier towards its environment. It is from the observation of emotional experience that contemporary society apprehends the conjugal bound grounded on free choice, in the maintenance of enduring ties which involve sharing of responsibilities and resources and in the sketching of partnership projects. Such features do not arise from an unchangeable concept of family to which its members conform, but result from the complex linkage between different normative discourses where one can observe family models and practices. A proper description of intimacy requires the analysis not only of the continuity with ancient family forms but also of the changes in the way the psychic systems relate with intimate communication. The symbolic generalization of love as passion, the observation of emotional life and individuality result from a long process of description on family by the different discourses of society. In the semantics that condenses around family we find a set of communicative selections and schemes in which, despite the declining of moral surveillance upon the behavior of its members, are inscribed the appropriate forms of emotional co-reference that characterize the intimate system. Love as passion emerges as a literary form in which will be inscribed the new conditions that preside over intimate closure. The theory and practice of Psychiatry and Psychoanalysis and also the evolution of feminist discourse, all share as their starting point a reference to such semantics which grant priority to individual realization, addressing also new motives and demands of sensitivity to the experience of the other members of the system. The generalization of differentiated communicative media, inaccessible to consciousness, constitutes the contemporary opportunity to observe the structure and processes which characterize intimacy. Semantic selectivity of intimacy emancipates itself from ubiquitous moral patterns and objectifies new psychic demands in the social structure. We examine the hypothesis that the departure of gender from natural or divine necessity is one of the most expressive results of the semantics of passion. |
Description: | Tese de doutoramento em Letras, área de Filosofia, na especialidade de Ética e Política, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra | URI: | https://hdl.handle.net/10316/21405 | Rights: | embargoedAccess |
Appears in Collections: | FLUC Secção de Filosofia - Teses de Doutoramento |
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