Estilos Parentais e Funções Executivas em crianças pré-escolares com Perturbação do Espetro do Autismo

Abstract

Background: Autism Spectrum Disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder with clinical manifestations that can impair the development of executive functions. Given that parenting styles are a significant factor in child development, it becomes relevant to study their influence in families with preschool-aged children with ASD. Objectives: i) To identify the most characteristic parenting style of parents of children with ASD, comparing it with the parenting style adopted by parents of children from a comparison sample without ASD; ii) to understand if sociodemographic and clinical variables influence parenting styles; iii) to compare the executive functioning of children with ASD with that of a sample without ASD, from the perspective of parents and preschool educators, and to determine if these perspectives differ; iv) to understand if there is a relationship between the executive functions of children with ASD and the parenting styles adopted by their parents. Methodology: The study included 25 children, aged between 3 and 6 years, diagnosed with ASD or showing significant risk indicators for this disorder, along with their parents and preschool educators. Parents responded to a sociodemographic questionnaire, the Parenting Dimensions and Styles Questionnaire (QDEP), and the Behavior Rating Inventory of Executive Function – Preschool Version (BRIEF-P), the latter also being completed by the children's preschool educators whenever possible. The professional team accompanying the child completed a clinical questionnaire. This study used two comparison samples, one for the QDEP (N = 29) and another for the BRIEF-P (N = 25). Results: Regarding parenting styles, the Authoritative style was the most commonly used. However, statistically significant differences were found in the Permissive parenting style, which is more frequently adopted by parents of children with ASD. The influence of sociodemographic and clinical variables indicated that parents with a low family socioeconomic level and parents who perceive the influence of their child's condition on how they manage it also tend to be more permissive, although no statistically significant difference was observed. Concerning executive functions, the results showed greater deficits in the executive functions of children with ASD, from both the parents' and preschool educators' perspectives. No relationship was observed between the domain of executive functions and the parenting style adopted by parents. Discussion and Conclusions: This study contributed to a better understanding of parenting styles in families with preschool-aged children with ASD, considering their relationship with sociodemographic and clinical variables. It showed that the BRIEF-P – portuguese version is a questionnaire with the potential to validly identify executive deficits in these children. The study results may be useful in guiding and implementing interventions, considering the specific needs of these children and families. However, as an exploratory study, it reinforced the importance of continued research, providing some future guidelines.

Enquadramento: A Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) é uma perturbação neurodesenvolvimental com manifestações clínicas que podem comprometer o desenvolvimento das funções executivas. Sendo os estilos parentais um fator significativo no desenvolvimento infantil, torna-se relevante estudar a influência dos mesmos nas famílias com crianças, em idade pré-escolar, com PEA. Objetivos: i) Perceber qual o estilo parental mais característico dos pais das crianças com PEA, comparando-o com o estilo parental adotado pelos pais das crianças de uma amostra de comparação, sem PEA; ii) compreender se variáveis sociodemográficas e clínicas influenciam os estilos parentais; iii) comparar o funcionamento executivo das crianças com PEA com o de uma amostra sem PEA, segundo a perspetiva dos pais e dos educadores de infância e perceber se estas diferem entre si; iv) compreender se existe relação entre as funções executivas de crianças com PEA e os estilos parentais adotados pelos seus pais. Metodologia: Participaram 25 crianças, entre os 3 e os 6 anos, com diagnóstico de PEA ou evidências significativas de risco para esta perturbação, e os respetivos pais e educadores de infância. Os pais responderam a um questionário sociodemográfico, ao Questionário de Dimensões e Estilos Parentais (QDEP) e ao Behavior Rating Inventory of Executive Function – Preschool Version (BRIEF-P), sendo que este último foi ainda respondido pelos educadores de infância das crianças, sempre que tal foi possível. A equipa de profissionais que acompanha a criança respondeu a um questionário clínico. Este estudo recorreu a duas amostras de comparação, uma para o QDEP (N = 29) e outra para o BRIEF-P (N = 25). Resultados: Relativamente aos estilos parentais, o estilo Autoritativo mostrou ser o mais utilizado. No entanto, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas quanto ao estilo parental Permissivo, que é mais frequentemente adotado pelos pais de crianças com PEA. A influência das variáveis sociodemográficas e clínicas indicou que os pais com um nível socioeconómico familiar baixo e os pais que percebem a influência da condição do/a filho/a no modo como lidam com ele/a tendem igualmente a ser mais permissivos, ainda que não tenha existido uma diferença estatisticamente significativa. Relativamente às funções executivas, os resultados evidenciaram maiores défices nas funções executivas das crianças com PEA, tanto na perspetiva de pais como na de educadores de infância. Não se observou relação entre o domínio das funções executivas e o estilo parental adotado pelos pais. Discussão e conclusões: O presente estudo contribuiu para uma melhor compreensão dos estilos parentais em famílias com crianças em idade pré-escolar com PEA, considerando a sua relação com variáveis sociodemográficas e clínicas. Mostrou que o BRIEF-P – versão portuguesa é um questionário com potencial para identificar de forma válida défices executivos nestas crianças. Os resultados do estudo poderão ser úteis na orientação e implementação de intervenções, considerando as necessidades específicas destas crianças e famílias. No entanto, e caracterizando-se como um estudo de natureza exploratória, reforçou a importância de continuar a investigação, fornecendo algumas linhas de orientação futuras.