Empatia clínica e satisfação por compaixão em médicos/as: O papel da qualidade das relações terapêuticas e das barreiras à compaixão

Abstract

Introduction. Clinical empathy is an intrinsic attribute of the medical profession. Research supports that this construct is associated with greater physicians’ compassion satisfaction levels. However, little is known about the potentially modifiable mechanisms underlying this relationship. Objective. This study aimed to analyze the direct and indirect effects of clinical empathy on physicians’ compassion satisfaction, via quality of therapeutic relationships and barriers to compassion. Methods. A sample comprised of 222 physicians, collected exclusively online, completed a set of self-report instruments. The correlation analyses were carried out to verify the associations between the variables. Direct and indirect effects were analyzed using Structural Equation Modelling. Results. Clinical empathy was moderately and positively correlated with the quality of therapeutic relationships and with compassion satisfaction. In turn, clinical empathy was negatively correlated with barriers to compassion. There was an indirect effect of clinical empathy on compassion satisfaction, through both the quality of therapeutic relationships (b = .05, 95% IC [.02; .10]), and barriers to compassion (b = .02, 95% IC [.01; .05]). The model explained around 31% of the variability in compassion satisfaction levels. Conclusions. These results suggest that greater empathy levels in physicians may lead to greater levels of compassion satisfaction, through better quality of therapeutic relationships and the perception of less barriers to compassion. Intervention programs that foster the promotion of clinical empathy, while considering the role of quality of therapeutic relationships and of barriers to compassion, might increase positive mental health in these professionals.

Introdução. A empatia clínica é um atributo intrínseco à profissão médica. A literatura sustenta que este constructo está associado a uma maior satisfação por compaixão em médicos/as. Contudo, pouco se sabe acerca dos mecanismos potencialmente modificáveis subjacentes a essa relação. Objetivo. Este estudo teve como principal objetivo analisar os efeitos diretos e indiretos, da empatia clínica nos níveis de satisfação por compaixão em médicos/as, via qualidade das relações terapêuticas e barreiras à compaixão. Métodos. Uma amostra de 222 médicos/as, recolhida exclusivamente online, preencheu um conjunto de instrumentos de autorresposta. Foram analisadas as associações entre as variáveis. Os efeitos diretos e indiretos foram explorados utilizando Modelos de Equações Estruturais. Resultados. A empatia clínica relacionou-se moderada e positivamente com a qualidade das relações terapêuticas e com a satisfação por compaixão, e negativamente com as barreiras à compaixão. Observou-se um efeito indireto da empatia sobre a satisfação por compaixão, tanto através da qualidade das relações terapêuticas (b = .05, 95% IC [.02; .10]), como das barreiras à compaixão (b = .02, 95% IC [.01; .05]). O modelo explicou cerca de 31% da variabilidade nos níveis de satisfação por compaixão. Conclusões. Os resultados sugerem que maiores níveis de empatia nos/as médicos/as poderão conduzir a níveis superiores de satisfação por compaixão, através de melhor qualidade das relações terapêuticas e da perceção de menos barreiras à compaixão. Programas de intervenção que fomentem a promoção de empatia, considerando o papel da qualidade das relações terapêuticas e das barreiras à compaixão, poderão melhorar a saúde mental positiva destes/as profissionais.