Líquen plano: etiopatogenia e abordagem terapêutica

Abstract

Introduction: Lichen planus is an inflammatory mucocutaneous disease with great clinical diversity. Due to this and to its relative rarity it is often not recognized by non-dermatologists with inaccurate or late diagnoses leading to incorrect treatments. The existing theories about its etiopathogenesis focus on T cell-mediated autoimmunity due to evidence of accumulation of these cells in the lesional dermis and epidermis. Topical and/or systemic corticosteroids are the first-line therapy in most cases.Objectives: To carry out a narrative review that explores the most recent knowledge about the etiopathogenesis and therapeutic approach of lichen planus in order to establish a bridge between them.Methodology: A search was carried out in the electronic database PubMed using MeSh terms during the period from September 2023 to December 2023. The search was restricted to the English language, the human species, the last 10 years and to reviews, systematic reviews, meta-analyses and randomized controlled studies. A total of 71 articles and 1 book were selected.Discussion and conclusion: The etiopathogenesis of lichen planus remains incompletely understood, but it is thought to be multifactorial in nature, with emphasis on immunological mechanisms involving T cells. Genetic, environmental factors, alteration of the mucosal microbiota or prolonged exposure to metals of dental amalgams play a relevant role in the manifestation of the disease. Immune mechanisms are based on three main phases – recognition of an antigen, activation of lymphocytes and apoptosis of keratinocytes – with a fourth phase emerging in recent times called resolution, with much research needed and which could provide potential targets for new and more targeted therapies. Despite recent advances in knowledge, it remains a disease without cure with the main objective of treatment being to minimize symptoms and damage. Treatment is based on topical and/or systemic corticosteroids, with other pharmacological and non-pharmacological therapies being possible if refractory to conventional therapy. However, none of these second-line therapies present robust scientific evidence regarding their effectiveness and further studies are needed to prove this. Therefore, when choosing treatment, we must individualize it for each patient based on the variant of lichen planus, the severity of the clinical manifestations and the possible adverse effects of its administration.

Introdução: O líquen plano é uma patologia inflamatória mucocutânea com grande diversidade clínica. Em virtude disto e da sua relativa raridade é uma patologia pouco reconhecida por médicos não dermatologistas, com diagnósticos incorretos ou tardios que condicionam atrasos ou incorreções nos tratamentos. As teorias existentes sobre a sua etiopatogenia centram-se numa autoimunidade mediada por células T pela evidência de acumulação destas células na derme e epiderme das lesões. Os corticosteroides tópicos e/ou sistémicos são a terapêutica de primeira linha na maioria dos casos.Objetivos: Realizar uma revisão narrativa que explore os conhecimentos mais recentes sobre a etiopatogenia e a abordagem terapêutica do líquen plano, de forma a estabelecer uma ponte entre elas.Metodologia: Realizou-se uma pesquisa na base de dados eletrónica PubMed, com recurso a termos MeSH, durante o período de setembro de 2023 a dezembro de 2023. Restringiu-se a pesquisa ao idioma inglês, à espécie humana, aos últimos 10 anos e a revisões, revisões sistemáticas, meta-análises e a estudos randomizados controlados. Foram selecionados um total de 71 artigos e 1 livro.Discussão e Conclusão: A etiopatogenia do líquen plano permanece incompletamente conhecida, mas pensa-se que será de natureza multifatorial, com ênfase em mecanismos imunológicos que envolvem células T. Fatores genéticos, ambientais, alteração da microbiota das mucosas ou a exposição prolongada a metais das amálgamas dentárias representam um papel relevante na manifestação da patologia. Os mecanismos imunológicos baseiam-se em três fases principais – reconhecimento de um antigénio, ativação dos linfócitos e apoptose dos queratinócitos – com uma quarta fase a emergir nos últimos tempos, designada de resolução, com muita investigação a ser necessária e que pode fornecer potenciais alvos para novas terapias mais dirigidas. Apesar dos avanços recentes no conhecimento, continua a ser uma patologia sem cura, com o principal objetivo do tratamento a ser a minimização da sintomatologia e dos danos. O tratamento baseia-se em corticosteroides tópicos e/ou sistémicos, com outras terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas a serem possíveis se houver refratariedade à terapêutica convencional. No entanto, nenhuma destas terapêuticas de segunda linha apresenta evidência científica robusta acerca da sua eficácia, sendo necessários mais estudos para a comprovar. Assim, quando escolhermos o tratamento devemos individualizá-lo para cada doente com base na variante de líquen plano, a gravidade das manifestações clínicas e os possíveis efeitos adversos da sua administração.