O impacto da personalidade nas atitudes face à prescrição

Abstract

Introduction: The concept of adherence as the key to therapeutic success is growing, especially considering the low levels of therapeutic adherence in Portugal. The prescription moment in adherence is crucial, as well as the need for a more person-centered approach (PCM) and, consequently, an analysis of influencing factors such as personality, according to the Big Five model. The proposed study aims to investigate how personality traits can influence the importance given to factors affecting therapeutic adherence.Methods: The study was based on conducting an online questionnaire based on a clinical vignette and analysis of factors influencing therapeutic adherence, along with psychometric study using the NEO-FFI 20 questionnaire. Subsequently, the responses were analysed using descriptive and inferential statistical methods in SPSS.Results: 492 valid questionnaires were analysed. The factors with the greatest negative influence on adherence were "Inadequate treatment by the doctor"; "Side effects of medication" and "Believing that not enough tests were performed”. Inferential analysis revealed correlations between influencing factors of adherence and various personality traits, except "Conscientiousness”.Discussion/Conclusion: The factors with the greatest negative influence on therapeutic adherence highlight the importance of the doctor-patient relationship. "Neuroticism" at high levels showed correlation with several factors, encouraged by its depressive and anxious traits. The pursuit of excitement and higher rates of happiness typical of the "Extroversion" trait correlated with factors that show a possible aversion to the state of illness. The trait "Openness to experience" at a high level correlated with lower adherence to therapy, which can be justified by divergent behaviours. The increase in the "Amiability" trait level correlates with an increase in complacency of the individual, which could be the cause of its correlation with the factors "Side effects of intake" and "Not wanting to mix with other substances". The trait "Conscientiousness," although considered "health-protective" in a literary review, did not show any correlations. The self-evaluative context of the questionnaire emerged as the cause to the major limitations of the study Thus, in future studies, it will be possible to analyse each of these factors more individually and, consequently, attempt to improve the approach in prescription.

Introdução: O conceito de adesão como a chave para o sucesso terapêutico está em crescimento, especialmente tendo em conta os baixos níveis de adesão terapêutica em Portugal. O momento da prescrição na adesão é fulcral. Para melhoria da mesma, é necessária uma abordagem mais centrada na pessoa (MCP) e, consequentemente, uma a análise dos fatores influenciadores da adesão, como a personalidade, conforme o modelo dos Big Five. O estudo proposto tem como objetivo investigar como os traços de personalidade podem influenciar a importância dada aos fatores que afetam a adesão terapêutica.Métodos: O estudo baseou-se na realização de um questionário online com base numa vinheta clínica e análise de fatores influenciadores na adesão terapêutica e o estudo psicométrico com recurso ao questionário NEO-FFI 20. Posteriormente realizou-se a análise das respostas através de métodos de estatística descritiva e inferencial com recurso ao SPSS.Resultados: Foram analisados 492 questionários válidos. Os fatores com maior influência negativa na adesão foram “Tratamento inadequado por parte do médico”; “Efeitos secundários da toma” e “Achar que não foram realizados exames suficientes”. A análise inferencial revelou correlações entre os fatores influenciadores da adesão e os diversos traços de personalidade, exceto a “Conscienciosidade”.Discussão/Conclusão: Os fatores com maior influência negativa na adesão terapêutica evidenciam a relevância da ligação médico-doente. O “Neuroticismo” em elevado nível, mostrou correlação com fatores incentivados pelos seus traços depressivos e ansiosos. A procura de excitação e maiores taxas de felicidade típica do traço “Extroversão” correlacionou-se com fatores que mostram uma possível aversão ao estado de doença. O traço “Abertura à experiência” em elevado nível relacionou-se com uma menor adesão à terapêutica o que pode ser justificado pelos comportamentos divergentes. O aumento do nível do traço “Amabilidade” correlaciona-se com um aumento da complacência da pessoa o que poderá ser a causa da sua correlação com os fatores “Efeitos secundários da toma” e “Não querer misturar com outras substâncias”. O traço “Conscienciosidade”, apesar de na literatura se considerar “protetor da saúde”, não mostrou quaisquer correlações. A recolha digital de um questionário autoavaliativo poder sido causa de viés no estudo. Assim, em estudos futuros será possível a análise de cada um destes fatores de forma mais individual e, consequentemente, uma tentativa de melhoria da abordagem no momento de prescrição.