PREDITORES DE PROGNÓSTICO APÓS INTERNAMENTO EM PSIQUIATRIA: FATORES DE RISCO CEREBROVASCULARES

Abstract

Introduction: Vascular pathologies in Portugal have shown a downward trend in mortality, but comorbidities have evolved in the opposite direction. One of the main vascular pathologies, cerebrovascular disease, has been the subject of research into its relationship with psychiatric disorders, particularly in the older population. This study aims to assess the relationship between vascular risk factors in severe psychiatric patients and cognitive performance, as well as how these may affect functional recovery after episodes of decompensation.Methods: A naturalistic longitudinal study was carried out with a sample of 30 individuals, of both genders and over 45 years of age, admitted to the psychiatry department of the CHUC. Information was collected from each patient's clinical file, during hospitalization and 6 months after discharge, regarding medical history of cerebrovascular risk, sociodemographic data and the application of questionnaires: MMSE, MoCA and GAF. SPSS-IBM was used for statistical analysis.Results: No statistically significant differences were found when evaluating patients with Schizophrenia/Psychosis, Depression/Dysthymia and Bipolar Affective Disorder and their relationship with hypertension, diabetes, dyslipidemia and smoking history. At the 6-month follow-up, the majority of patients showed an increase in MMSE and MoCA scores compared to the initial scores, as well as a worsening of the GAF range.Discussion: Many patients were unaware of their vascular risk factors and did not take preventive therapy for cardiovascular events, such as antidyslipidemics and aspirin. Vascular risk factors not only drive the progression of psychiatric illness, possibly leading to loss of cognition and the onset of dementia, but are also an iatrogenic consequence of the basic pharmacological treatment of these pathologies. Atypical antipsychotics are the class mentioned in the study with the greatest cardiometabolic effect, leading to lower therapeutic adherence.Conclusion: The cardiometabolic effect of medication, risk behaviors, poor adherence to therapy and the possibility of psychiatric illness appearing or worsening prove the need for prevention, monitoring and health education in order to reduce vascular events and their adjacent consequences.

Introdução: As patologias vasculares em Portugal têm demonstrado uma tendência decrescente da mortalidade, no entanto, com a comorbilidade a evoluir no sentido oposto. Uma das principais patologias vasculares, a doença cerebrovascular, tem sido alvo de investigação na sua relação com as doenças do foro psiquiátrico, nomeadamente, na população mais envelhecida. Este estudo pretende avaliar a relação entre fatores de risco vasculares em doentes psiquiátricos graves e o desempenho cognitivo, bem como a forma que estes podem afetar a recuperação funcional após episódios de descompensação.Métodos: Construiu-se um estudo longitudinal naturalístico com uma amostra de 30 indivíduos, de ambos os géneros e com idade superior a 45 anos, internados no serviço de psiquiatria do CHUC. Foi recolhida informação do processo clínico de cada doente, durante o internamento e 6 meses após a alta, relativa a antecedentes médicos de risco cerebrovascular, dados sociodemográficos e aplicação de questionário: MMSE, MoCA e GAF. Utilizou-se o SPSS-IBM para análise estatística.Resultados: Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas quando avaliados doentes com Esquizofrenia/Psicose, Depressão/Distimia e Perturbação Afetiva Bipolar e a sua relação com HTA, DM, Dislipidemia e Antecedentes Tabágicos. No follow- up após 6 meses, a maioria dos doentes apresentou um aumento da cotação do MMSE e MoCA face à inicial, bem como um agravamento do intervalo do GAF.Discussão: Muitos doentes desconheciam apresentar fatores de risco vascular e não realizavam terapêutica preventiva de eventos cardiovasculares como no caso dos antidislipidemicos e a aspirina. Os fatores de risco vascular, além de serem propulsores de evolução de doença psiquiátrica até possivelmente à perda de cognição e estabelecimento de demência, são, do mesmo modo, consequência iatrogénica do tratamento farmacológico de base destas patologias. Os antipsicóticos atípicos representam a classe referida no estudo com maior efeito cardiometabolico, levando a uma menor adesão terapêutica.Conclusão: O efeito cardiometabolico da medicação, os comportamentos de risco, a má adesão a terapêutica e a possibilidade de aparecimento ou agravamento de doença psiquiátrica comprovam a necessidade de prevenção, monitorização e educação na saúde, de forma a diminuir a eventos vasculares e as suas consequências adjacentes.