Abordagem terapêutica das hemorragias uterinas – as particularidades da mulher hipocoagulada

Abstract

Abnormal Uterine Bleeding is defined as bleeding of uterine origin that is abnormal in duration, volume, frequency and/or regularity, in the absence of pregnancy. This manifestation commonly occurs during reproductive age, being one of the main reasons for consultation in Gynecology, with a particular incidence in women who suffer from a bleeding disorder or who are medicated with anticoagulant drugs. Because they are such different causes of a common manifestation and because uterine hemorrhage represents a truly impactful factor on the quality of life and female health, its treatment becomes crucial, always taking into account the mechanism of action, side effects and contraindications of each approach, whether medical or surgical. Given that these women may suffer from severe bleeding or bleeding that is refractory to first-line treatments, it may be necessary to combine several therapies.The medical therapeutic approach in hypocoagulated women involves hormonal methods, with the intrauterine system with slow release of levonorgestrel being the most prominent, and non-hormonal methods, namely antifibrinolytics and desmopressin. Regarding the surgical approach, endometrial ablation, uterine embolization and, as a definitive treatment, hysterectomy are available. Given that this population has its specificities, particularly concerning its high hemorrhagic and/or thrombotic risk, there must be a multidisciplinary approach which, in addition to including the gynecology team, involves professionals from other specialties. Despite the various options available, the literature remains controversial regarding the most appropriate therapy, mainly due to the fact that the evidence is limited in this area, as the population included in studies tends to be reduced, meaning that the results obtained may not be as clinically robust as desired.

A Hemorragia Uterina Anormal define-se como a hemorragia de origem uterina anormal em duração, volume, frequência e/ou regularidade, na ausência de gravidez. Esta manifestação ocorre comummente durante a idade reprodutiva, sendo um dos principais motivos de consulta em Ginecologia, tendo particular incidência em mulheres que sofrem de distúrbios da coagulação ou que estejam medicadas com fármacos anticoagulantes. Por serem causas tão distintas de uma manifestação comum e por a hemorragia uterina constituir um fator deveras impactante na qualidade de vida e saúde feminina, torna-se determinante o seu tratamento, tendo sempre em conta o mecanismo de ação, efeitos secundários e contraindicações de cada abordagem, quer seja médica ou cirúrgica. Dado que estas mulheres podem sofrer de hemorragias severas ou refratárias ao tratamento de primeira linha, pode ser necessária a conjugação de várias terapêuticas.A abordagem terapêutica médica nas mulheres hipocoaguladas envolve métodos hormonais, estando o sistema intrauterino com libertação lenta de levonorgestrel em maior destaque e métodos não hormonais, nomeadamente os antifibrinolíticos e a desmopressina. Quanto à abordagem cirúrgica, estão disponíveis técnicas de ablação do endométrio, embolização uterina e, como tratamento definitivo, a histerectomia. Dado esta população ter as suas especificidades, nomeadamente quanto ao seu risco hemorrágico e/ou trombótico elevado, é fundamental que haja uma abordagem multidisciplinar que, além de incluir a equipa de ginecologia, envolva profissionais de outras especialidades.Não obstante as várias opções disponíveis, a literatura permanece controversa quanto à terapêutica mais adequada, sobretudo pelo facto de a evidência ser limitada nesta área, já que a população incluída nos estudos tende a ser de reduzidas dimensões, pelo que os resultados obtidos podem não ser tão robustos do ponto de vista clínico como o desejável.