A Capacitação em função da Comunicação na pessoa que sofre de Diabetes Mellitus Tipo 2

Abstract

Introdução: A Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença metabólica crónica associada a risco cardiovascular e com crescente incidência em Portugal. O médico de MGF é, frequentemente, o primeiro contacto da Pessoa que sofre de DM2 (PsDM2) com o serviço nacional de saúde, tendo, assim, uma responsabilidade acrescida na comunicação dos cuidados a ter para o controlo da DM2. Objetivos: Avaliar a capacitação das PsDM2 – Patient Enablement Instrument (PEI) – em função da comunicação com o médico – avaliada pelo Communication Assessment Tool (CAT) – segundo o sexo, idade, nível de escolaridade, rendimento mensal, tipo de família, tempo desde a última consulta de DM2, e julgar estar controlado quanto à doença. Métodos: Estudo transversal observacional realizado nas unidades USF Mondego e USF Manuel Cunha, em amostra de conveniência previamente calculada, recrutadas entre julho e outubro de 2023. Aplicou-se o PEI e CAT, além de variáveis contextuais. Utilizaram-se testes de Qui-quadrado, estatística não paramétrica e correlacional.Resultados: A amostra, n=110, constituída maioritariamente por homens (57.3%) e idosos (65.5% com ≥65 anos), vivia acompanhada (76.4%) e apresentou níveis de escolaridade (52.7%) e rendimento mensal (62.7%) acima do mínimo. A última consulta de DM2 ocorreu há 3-6 meses para 51.8%, e 51.8% julgaram não ter a sua doença controlada. Verificaram-se diferenças significativas em função do grupo etário para o sexo (p=0.027), escolaridade (p=0.001) e rendimento (p=0.002). As correlações entre as escalas PEI e SEDI (p=0.039), SEDI e CAT (p=0.382) e PEI e CAT (p=0.217) foram fracas, negativas - exceto para o SEDI e CAT –, e significativa apenas para o PEI e SEDI. Discussão e Conclusão: Estudaram-se mais homens jovens e mais mulheres idosas. Verificou-se um nível baixo de escolaridade e rendimento inferior para os indivíduos com idade ≥65 anos. Menor índice socioeconómico associou-se a maior aquisição de capacitação e a classe socioeconómica mais alta associou-se a maior qualidade da comunicação do médico. A capacitação foi menor quando a qualidade de comunicação foi maior, logo não se verificou a importância da boa comunicação para a capacitação e consequente controlo da DM2. Concluindo, a capacitação não demonstrou associação significativa com a qualidade de comunicação do médico.

Introduction: Type 2 Diabetes Mellitus (DM2) is a chronic metabolic disease associated with cardiovascular risk, with an increasing incidence in Portugal. The General Practitioner is often the first point of contact for type 2 diabetes patients (PsDM2) with the national health service, thus having an increased responsibility in communicating the care needed to control type 2 diabetes. Objectives: Evaluate the enablement of PsDM2 – using the Patient Enablement Instrument (PEI) – in relation to communication with the physician – assessed by the Communication Assessment Tool (CAT) – according to gender, age, educational level, monthly income, family type, time since the last diabetes appointment, and perceived disease control.Methods: Observational cross-sectional study at the USF Mondego and USF Manuel Cunha units, in a convenience sample previously calculated recruited between July and October 2023. PEI and CAT were applied, along with contextual variables. Chi-square tests, non-parametric statistics, and correlation analyses were used.Results: The sample, n=110, consisted mainly of men (57.3%) and elderly individuals (65.5% aged ≥65 years), living with others (76.4%), and having education (52.7%) and monthly income (62.7%) above the minimum. The last diabetes appointment occurred 3-6 months ago for 51.8%, and 51.8% judged their disease to be uncontrolled. Significant differences were found in relation to age for gender (p=0.027), educational level (p=0.001), and income (p=0.002). Correlations between PEI and SEDI (p=0.039), SEDI and CAT (p=0.382), and PEI and CAT (p=0.217) were weak and negative – except for SEDI and CAT – and significant only for PEI and SEDI. Discussion and Conclusion: Young men and elderly women were studied. A low level of education and lower income were observed for individuals aged ≥65 years. A lower socioeconomic index was associated with higher acquisition of empowerment, while the higher socioeconomic class was associated with better quality of doctor-patient communication. Empowerment was lower when communication quality was higher, thus the importance of good communication for empowerment and subsequent DM2 control was not verified. The empowerment of PsDM2 did not show a significant association with the quality of physician communication.