HE4 como biomarcador no cancro do ovário

Abstract

Due to the lack of effective strategies for early diagnosis, prognosis and patient follow- up, ovarian cancer is the gynecological neoplasm with the highest mortality rate. Serum tumor biomarkers are one of the resources with the greatest potential to overcome some of these problems, however, in the current recommendations of the various international societies, CA-125 remains the biomarker of choice, despite its various pitfalls, such as poor diagnostic capacity at early stages. Human epididymis protein 4 (HE4) is a glycoprotein that can be used as a biomarker in ovarian cancer, due to its production by malignant cells and the tumor microenvironment. However, its concentrations vary with numerous physiological and pathological factors, making it difficult to translate to the clinical setting.HE4 concentrations in serum, but also in urine, can contribute to the pre-clinical diagnosis of the disease, with high sensitivity and specificity, allowing diagnosis at earlier stages of ovarian cancer, with a direct impact on survival. In addition, preoperative concentrations allow for the stratification of patients into risk levels, aiding clinicians to decide on surgical and medical therapy, since they can also be predictive of sensitivity to systemic treatment. Longitudinal dosing of HE4 during the course of the disease allows continuous monitoring of treatment and evaluation of response. Likewise, given the high recurrence rate of ovarian cancer, it can help to detect recurrences earlier and allow for a more timely therapeutic approach, possibly with a better prognosis.Despite the usefulness of HE4 on its own, its association with CA-125 often proves to be advantageous in various settings. These markers are also used together in diagnostic algorithms that assess the risk of ovarian cancer in a woman with a pelvic mass. Therefore, this review aims to explore the role of HE4 as a biomarker in ovarian cancer, and its possible contributions to improving the current paradigm of this disease, both independently and in association with CA-125, in the various stages of OC: covering early diagnosis, preoperative prognosis, therapeutic monitoring and patient follow-up. In addition, it explores the potential applicability of HE4 as a therapeutic target, regarding its role in the oncogenesis of ovarian cancer.

A falta de estratégias eficazes de diagnóstico precoce, definição prognóstica e seguimento das doentes, torna o cancro do ovário a neoplasia ginecológica com maior taxa de mortalidade. Os biomarcadores tumorais séricos são dos recursos com maior potencial para colmatar alguns destes problemas, todavia, nas recomendações atuais das diversas sociedades internacionais, o CA-125 continua a ser o biomarcador de eleição, apesar das suas diversas fragilidades, como uma fraca capacidade de diagnóstico em estádios precoces. O Human epididymis protein 4 (HE4) é uma glicoproteína que pode ser utilizada como biomarcador no cancro do ovário, devido à sua produção pelas células malignas e respetivo microambiente tumoral. No entanto, as suas concentrações variam de acordo com diversos fatores fisiológicos e patológicos, dificultando a sua aplicabilidade clínica. O doseamento de HE4 no soro, mas também na urina, pode contribuir para um diagnóstico pré-clínico da doença, com sensibilidade e especificidade elevadas, permitindo diagnósticos em estádios mais precoces do cancro do ovário, com um impacto direto na sobrevida. Adicionalmente, as suas concentrações pré-operatórias permitem estratificar os doentes em níveis de risco, auxiliando na decisão da terapêutica cirúrgica e médica, uma vez que podem ser também preditivas acerca da sensibilidade à terapêutica sistémica. O doseamento seriado de HE4 no decurso da doença permite uma monitorização continua do tratamento instituído e avaliação de reposta. Do mesmo modo, atendendo à elevada taxa de recorrência do cancro do ovário, este pode detetar recidivas de forma precoce e permitir uma abordagem terapêutica mais atempada e, possivelmente, com melhor prognóstico. Apesar da utilidade do HE4 de forma isolada, a sua associação com o CA-125 demonstra ser frequentemente vantajosa nas variadas utilizações. Estes marcadores são também utilizados em algoritmos diagnósticos, que avaliam o risco de uma mulher com massa pélvica ter cancro do ovário. Assim, esta revisão pretende explorar o papel do HE4 enquanto biomarcador no cancro do ovário, e os seus possíveis contributos para a melhoria do atual paradigma desta doença, tanto de forma independente quanto em associação com o CA-125, nas diversas fases da doença: abrangendo o diagnóstico precoce, prognóstico pré- operatório, monitorização terapêutica e ainda seguimento das doentes. Adicionalmente, explora o potencial da substância como alvo terapêutico, associado ao seu papel na oncogénese do cancro do ovário.