HEXA(IN)FLEX: DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE QUALITATIVA DE UMA ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE (IN)FLEXIBILIDADE PSICOLÓGICA EM MULHERES COM CANCRO DA MAMA

Abstract

The diagnosis and oncological process of breast cancer (BC) are significant stressors in the lives of women with BC, resulting in numerous challenges to their physical and psychological health. In the context of contextual behavioural therapies, acceptance and commitment therapy (ACT) has emerged as a promising psychosocial intervention for women with BC that aims to increase psychological flexibility (PF) and decrease psychological inflexibility (PI). PF shows positive correlations with both physical and psychological health outcomes, whereas PI is negatively correlated with them and a relevant predictor of distress in the oncological population. Additionally, the assessment of psychological (in)flexibility and its processes is essentially based on quantitative self-report instruments, which have been criticised for their psychometric properties. The aims of this study were to develop and apply a qualitative interview to assess psychological (in)flexibility processes in women with BC and to qualitatively analyse the results. The thematic analysis identified the twelve psychological (in)flexibility processes in the participants' discourse, suggesting a higher representativeness of PI processes in the functioning of women with BC. This study supports the development of ACT-based psychosocial interventions for this population, increasingly tailored to their specific needs. This study contributes to a more adequate operationalisation of the constructs of the (in)flexibility model.

O diagnóstico e processo oncológico do cancro da mama (CM) representam um stressor significativo na vida da mulher com CM, colocando inúmeros desafios à sua saúde física e psicológica. No âmbito das terapias comportamentais contextuais, a terapia da aceitação e compromisso (ACT) apresenta-se como uma intervenção psicossocial promissora dirigida às mulheres com CM, visando o aumento da flexibilidade psicológica (FP) e a diminuição da inflexibilidade psicológica (IP). A FP apresenta correlações positivas com indicadores de saúde física e psicológica, ao passo que a IP se correlaciona negativamente com os mesmos, promovendo o distress na população com doença oncológica. Para além disso, a avaliação da (in)flexibilidade psicológica e respetivos processos realiza-se, essencialmente, através de instrumentos quantitativos de autorresposta, os quais são alvos de críticas relativas às suas características psicométricas. Este estudo propôs-se a desenvolver e aplicar uma entrevista de avaliação qualitativa dos processos de (in)flexibilidade psicológica em mulheres com CM, e a analisar qualitativamente os seus resultados. A análise temática identificou os doze processos de (in)flexibilidade psicológica nos discursos das participantes, apontando para uma maior representatividade dos processos de IP no funcionamento das mulheres com CM. Assim, este estudo vem suportar o desenvolvimento de intervenções psicossociais baseadas na ACT, dirigidas a esta população, mais ajustadas às suas necessidades específicas. Ademais, este estudo acrescenta contributos relevantes para uma mais adequada operacionalização dos construtos do modelo da (in)flexibilidade psicológica.