Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/114764
Título: Ensaios sobre a Feminização do Mercado de Trabalho e o Hiato Salarial entre Géneros
Outros títulos: Essays on Occupational Feminization and the Gender Wage Gap
Autor: Cruz, Ronize Cristina Oliveira Santiago Vicente da
Orientador: Teixeira, Paulino Maria Freitas
Palavras-chave: Feminização; Salários; Hiato salarial entre géneros; Categorias profissionais; Mercado de trabalho; Feminization; wages; Gender wage gap; Occupations; Labor market
Data: 14-Dez-2022
Projeto: info:eu-repo/grantAgreement/FCT/FARH/SFRH/BD/131375/2017/PT 
Título da revista, periódico, livro ou evento: Ensaios sobre a Feminização do Mercado de Trabalho e o Hiato Salarial entre Géneros
Local de edição ou do evento: Coimbra
Resumo: Em Portugal, a questão da disparidade salarial entre homens e mulheres está na ordem do dia, particularmente num cenário onde se tem verificado progressos significativos das mulheres no que toca aos níveis de ensino, qualificação e acumulação de capital humano. Não obstante a participação crescente das mulheres que se verificou entre 1991 e 2017, no mercado de trabalho português, as mulheres ainda apresentam persistentes desvantagens salariais em relação aos homens. A segregação profissional continua sendo uma aspecto muito relevante na sociedade portuguesa, refletindo os seus efeitos na subutilização das capacidades produtivas e de liderança das mulheres, e, portanto, menores ganhos salariais para este grupo de trabalhadores, mesmo após o controlo das características que influenciam a produtividade e o emprego. O desequilíbrio na participação feminina nos conselhos de administração das grandes empresas também tem merecido uma atenção pública considerável e objeto de diversas medidas políticas em Portugal e em vários Estados-membros da União Europeia. De modo a avaliar evolução salarial e o comportamento do hiato salarial nos últimos anos em Portugal, recorremos a duas bases de dados: aos Quadros do Pessoal/Relatório Único, para o período compreendido entre 1991 e 2017; e à base de dados europeia EU-SILC, para o período entre 2004 e 2017. No nosso estudo abordamos em especial o tema da feminização dos postos de trabalho ou a aglomeração das mulheres em determinadas categorias profissionais, analisando o seu impacto sobre as remunerações salariais e sobre a disparidade salarial entre géneros, através da implementação uma metodologia que nos permite controlar a concentração das mulheres em cada uma das categorias profissionais. Os resultados indicam que o salário dos homens esteve sempre a um nível superior ao salário das mulheres, durante todo o período analisado, sendo que as mulheres apresentaram uma recuperação de 10 pontos percentuais, considerando o rácio salarial não ajustado ou sem variáveis de controlo. Após a introdução de variáveis explicativas a recuperação em termos de gap salarial situou-se na ordem dos 13 pontos percentuais. As mulheres apresentaram, portanto, uma desvantagem salarial muito persistente e apenas objeto de melhorias muito limitadas, não obstante a acrescida representação das mulheres em áreas intelectuais e científicas sem que, no entanto, as categorias de topo da hierarquia profissional deixem de ser dominadas por homens. A taxa da feminização, dada pela percentagem das mulheres em cada uma das categorias profissionais, segundo a Classificação Portuguesa das Profissões a um dígito do ano 2010, foi sempre maior para as mulheres do que no caso dos homens, sendo possível verificar a existência de sobreocupação por parte das mulheres em determinadas categorias profissionais, designadamente, naquelas que são consideradas tipicamente “femininas”, onde mais de 90% dos trabalhadores são mulheres, como são exemplo as profissões ligadas à área da saúde, beleza, educação, apoio administrativo e encarregados de limpeza. Um resultado importante neste contexto é que a feminização dos postos de trabalho leva a salários mais baixos não só para as mulheres como também para os homens, com porventura ainda maior penalização para os homens em algumas situações. Um outro resultado relevante é que grande parte da correlação negativa entre os salários e a feminização se deve a fatores não observados, isto é, a diferenças nas preferências, gostos e aptidões dos trabalhadores, e, ainda, a diferenças na produtividade não observada, realçando, portanto, o papel da heterogeneidade não observada. A discriminação não é, contudo, a única explicação para as diferenças salariais com base no género, pois, verifica-se que o nível de escolaridade, a qualificação profissional e o sector de atividade foram sempre responsáveis por grande parte da disparidade salarial em todos os modelos utilizados. Entre 1991 e 2017, as regressões quantílicas indicam que o hiato total foi sempre maior no topo da distribuição salarial, tendo vindo a reduzir-se de forma mais lenta no topo do que nos outros percentis da distribuição salarial. Evidencia-se assim a possibilidade de “glass ceiling”, situação em que as mulheres enfrentam barreiras “invisíveis” no acesso aos cargos de topo da hierarquia profissional. A análise da penalização salarial em diferentes níveis da hierarquia da feminização, indica-nos que as penalizações salariais mais severas estão associadas a níveis mais altos de feminização para ambos os géneros, ou seja, quanto maior a concentração das mulheres nas profissões maior é a perda salarial. Em contrapartida, a feminização dos postos de trabalho, apesar de levar à prática de salários mais baixos, não contribui para hiatos salariais mais elevados.
In Portugal, the issue of the gender wage gap is on the agenda, particularly in a context where there has been significant progress by women in terms of education, qualification, and human capital accumulation in general. Despite the increasing participation of women between 1991 and 2017 in the portuguese labor market, women still have persistent wage disadvantages compared to men. Professional segregation is still a very relevant aspect in the Portuguese society, reflecting its effects on the underutilization of women's productive and leadership skills, and therefore, lower wage gains for this group of workers, even after controlling the characteristics that influence the productivity and employment. The imbalance in female participation on the boards of directors of large companies has also received considerable public attention and has been the subject of several policy measures in Portugal and in many European Union member states. In order to analyze the wage progress and the behavior of the gender wage gap in recent years in Portugal, we used two databases: “Quadros do Pessoal/Relatório Único”, for the period between 1991 and 2017; and the European database EU-SILC, for the period 2004-2017. In our study, we focus on the issue of occupational feminization or agglomeration of women in certain occupations, analyzing the impact of feminization on wages and on the gender wage gap, through the implementation of a methodology that allows us to control for the concentration of women in each occupation. The results indicate that the wage for men was always at a higher level than for women, throughout the analyzed period, with women showing a gain of only 10 percentage points, considering the non-adjusted wage ratio or with no control variables. However, the introduction of explanatory variables in the model increased the gain for women by 13 percentage points. Therefore, women showed a very persistent wage disadvantage and only very limited improvements were made in terms of their wages, despite a significant improvement in the representation of women in intellectual and scientific professions, without, however, the top positions of the professional hierarchy failing to be dominated by men. The feminization rate, given by the percentage of women in each occupation according to the “Classificação Portuguesa das Profissões a um dígito do ano 2010”, was always higher for women than for men, and it is possible to observe the existence of overemployment for women in certain occupations, namely, in those that are typically “female”, where more than 90% of workers are women, in occupations related to health, beauty, education, administrative support and cleaning staff. An important result in this context is that the occupational feminization leads to lower wages not only for women but also for men, with perhaps an even greater penalty for men in some situations. Another relevant result is that a large part of the negative correlation between wages and feminization is due to unobserved factors, that is, differences in workers' preferences, tastes, skills and in unobserved productivity, thus enhancing the role of unobserved heterogeneity. However, discrimination is not the only explanation for wage differences based on gender, as long as, the level of education, professional qualifications and the sector of activity were always responsible for a large part of the wage gap in all models. Between 1991 and 2017, quantile regressions indicate that the total wage gap was always greater at the top of the wage distribution, and it has been decreasing more slowly at the top than in the other percentiles of the wage distribution. This highlights the possibility of a “glass ceiling”, a situation in which women face “invisible” barriers in accessing top positions. The analysis of the wage penalty at different levels of the feminization hierarchy, indicates that the most severe wage penalties are associated with higher levels of feminization for both genders, or rather, the greater the concentration of women in the occupations, the greater the loss on wages. On the other hand, an interesting result is that the occupational feminization, despite leading to lower wages, does not contribute to higher wage gaps.
Descrição: Tese de Doutoramento em Economia apresentada à Faculdade de Economia
URI: https://hdl.handle.net/10316/114764
Direitos: openAccess
Aparece nas coleções:UC - Teses de Doutoramento

Ficheiros deste registo:
Ficheiro TamanhoFormato
Tese_Doutoramento_Ronize_Cruz_Maio2022.pdf7.17 MBAdobe PDFVer/Abrir
Mostrar registo em formato completo

Visualizações de página

49
Visto em 24/jul/2024

Google ScholarTM

Verificar


Este registo está protegido por Licença Creative Commons Creative Commons