Formação Inicial e Formação Contínua de Assistentes Operacionais de Agrupamentos de Escolas e Escolas Não Agrupadas: Luz ou Penumbra?

Abstract

A formação inicial e a formação contínua de assistentes operacionais que trabalham em agrupamentos de escolas e em escolas não agrupadas, tuteladas pelo Ministério da Educação em Portugal, assumem centralidade em diversos suportes legislativos, realidade que contrasta com a inexistência de formação inicial e com a escassa oferta de formação contínua para estes profissionais, proporcionada pelas diversas entidades com responsabilidade nesta área. É também pouco expressiva a investigação científica sobre esta temática, desconhecendo-se estudos recentes que tenham tido como objetivo analisar o que pensam os assistentes operacionais sobre as condições de exercício da sua profissão e o seu próprio desenvolvimento profissional.De acordo com este enquadramento, neste trabalho pretendemos perceber como é que é perspetivada a formação, seja a inicial, seja a contínua, de assistentes operacionais de agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, a partir da perspetiva dos próprios profissionais e de professores.O presente trabalho de investigação foi desenvolvido de acordo com um design metodológico misto, com dois estudos interdependentes, envolvendo uma amostra de 229 assistentes operacionais e de 312 professores de agrupamentos de escolas com 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e/ou com ensino secundário e escolas não agrupadas com 3.º ciclo do ensino básico e/ou com ensino secundário, de um distrito da região centro de Portugal (estudo 1) e nove diretores de Centros de Formação de Associação de Escolas, de quatro distritos desta região (estudo 2). Com o objetivo de conhecer as perceções de assistentes operacionais e de professores sobre a formação inicial e contínua daqueles profissionais, realizámos um estudo quantitativo, a partir do qual foi possível constatar as diferenças, bem como os pontos de vista comuns por parte dos dois grupos profissionais, no que respeita às necessidades gerais de formação geral e técnica especializada e de formação, concernente à relação e comunicação com a comunidade educativa. Este primeiro estudo exigiu que se fizesse estudo piloto, que serviu para validar os questionários construídos. O instrumento sobre as necessidades de formação era comum aos dois grupos de participantes, com as devidas adaptações na ficha de dados sociodemográficos. Houve um segundo questionário, destinado apenas a assistentes operacionais, também objeto de estudo piloto prévio, que teve como objetivo conhecer a sua autoperceção enquanto aprendizes adultos e, por inerência, o valor que atribuíam à aprendizagem para o desempenho das funções profissionais. A partir deste instrumento, foi possível concluir que os assistentes operacionais, apesar de algumas dificuldades de acesso à formação, apresentam alguma recetividade à frequência de ações que contribuam para o seu desenvolvimento profissional. Para refletirmos sobre os resultados do estudo quantitativo, optámos pela realização de um estudo qualitativo de menor dimensão, que envolveu a realização de uma entrevista focalizada de grupo, por meios remotos, com nove diretores de Centros de Formação de Associação de Escolas de quatro distritos da região centro de Portugal. Da análise dos discursos dos participantes emergiram preocupações relativas aos constrangimentos de acesso à frequência de formação contínua dos assistentes operacionais e contributos sobre os domínios a incluir na formação inicial e contínua destes profissionais. No seguimento dos resultados obtidos nos estudos efetuados, embora conscientes do alcance limitado da amostra e de outras limitações metodológicas, considerámos urgente posicionar a formação inicial e a formação contínua de assistentes operacionais no cerne das políticas públicas de formação para pessoal não docente. Além disso, entendemos que a formação inicial e contínua deve ser encarada, por parte dos diretores dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, dos Centros de Formação de Associação de Escolas e das autarquias, como uma estratégia crucial para o desenvolvimento profissional daqueles profissionais. A promoção de uma escola de qualidade e o desenvolvimento dos projetos educativos dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas não pode conseguir-se com êxito sem ter em conta que estas pessoas adultas, muitas vezes com baixas qualificações e pouco crentes na sua capacidade para aprender e crescer como profissionais, são elementos-chave da comunidade escolar.

The initial training and continuing education of operational assistants working in school clusters and unclustered schools supervised by the Ministry of Education, in Portugal, assume centrality in various legislative supports, a reality that contrasts with the lack of initial training and the scarce offer of continuing education for these professionals provided by the various entities responsible in this area. Scientific research on this subject is also scarce, with no recent studies known to have aimed to analyze the operational assistants' thoughts on the conditions of their professional practice and their own professional development.In accordance with this framework, this work aims to understand how the initial and continuing training of operational assistants in school clusters and unclustered schools is perceived from the perspective of the professionals themselves and teachers. This research was developed according to a mixed method design, with two interdependent studies involving a sample of 229 operational assistants and 312 teachers from school clusters with 2nd and 3rd cycles basic of education and secondary education, as well as unclustered schools with 3rd basic cycle of education and secondary education, from a district in the central region of Portugal (study 1), and nine directors of Training Centers of School Association from four districts in this region (study 2).In order to understand the perceptions of operational assistants and teachers regarding the initial and continuing training of these professionals, we conducted a quantitative study, which allowed us to identify the differences as well as the common points of view between the two professional groups regarding the general training needs and specialized technical training, as well as training concerning the relationship and communication with the educational community. This first study required a pilot study to validate the constructed questionnaires. The training needs instrument was common to both groups of participants, with appropriate adaptations in the sociodemographic data sheet. There was a second questionnaire, intended only for operational assistants, also subjected to a previous pilot study, which aimed to understand their self-perception as adult learners and, consequently, the value they attributed to learning for the performance of their professional duties. Based on this instrument, it was possible to conclude that operational assistants, despite some difficulties in accessing training, showed some receptivity to attending training programs.To reflect on the results of the quantitative study, we opted to conduct a smaller-scale qualitative study, which involved conducting a focused group interview remotely with nine directors of Training Centers of School Association from four districts in the central region of Portugal. From the analysis of the participants' discourses, concerns emerged regarding the constraints of access to continuous training for operational assistants, as well as contributions regarding the domains to be included in the initial and continuing training of these professionals.Following the results obtained in the conducted studies, although aware of the limited scope of the sample and other methodological limitations, we considered it urgent to position the initial training and continuing education of operational assistants at the core of public policies for non-teaching staff training. Furthermore, we understand that the initial and continuing training should be seen by school cluster and unclustered school directors, Training Centers of School Association, and local authorities as a crucial strategy for the professional development of these professionals. The promotion of a quality school and the development of the educational projects of school clusters and unclustered schools cannot be successfully achieved without taking into account these adult individuals, often with low qualifications and little belief in their capacity to learn and grow as professionals, who are key elements of the school community.