A Construção de um Império: território, conexões e arquitectura na Companhia de Diamantes de Angola

Abstract

The subject of this research is the space built by the Diamond Company of Angola (Diamang) in Lunda, Angola. Diamang was a diamond exploration company, established in 1917 and dissolved in 1988, operating (mostly) within the political framework of the Portuguese colonial project. In an extensive concession area of 45,483km2, the company planned and assembled structures on the most diverse scales, programmes and contexts, ensuring the permanence of the labour force, both essential to its mining activities and its participation in the global economy. Despite the contribution to the political and material construction of colonial empires, the spaces produced by Diamang, similarly to other private companies, are still grey areas in the studies on the production of architecture and expressions of urbanity in Africa, in a double sense: on the one hand, because very little is known about their architecture and construction; on the other, because they were composed of ordinary everyday structures that do not fit into the exceptional buildings – over scale, language, location or authorship – that paved the way in most colonial architecture studies. Beyond that, Diamang also presents significant connections with other colonial enterprises in neighbouring geographies, namely in Belgian Congo, which allow inquiring the extent of transnational and transimperial networks in the building of European colonialism in Africa.The overall goal of this research is to question and understand the multiple paths of imagination, naming, planning, building and contestation of Diamang’s colonial spaces. Each part of this research has a clearly identified theme and objectives, by questioning the construction(s) of the territory, the imaginaries of urbanity and the spatialisations of power. Plans, projects and formal and nominal appropriations are discussed for a cohesive (but not closed) view of the forms constructed.

O objecto central desta investigação é o espaço fabricado sob a alçada da Companhia de Diamantes de Angola (Diamang), na Lunda, Angola. A Diamang foi uma empresa de exploração de diamantes, constituída em 1917 e dissolvida em 1988, que operou (sobretudo) no âmbito político do projecto colonial português. Numa extensa área concessionada com 45 483km2, a companhia promoveu e concretizou estruturas nas mais diversas escalas, programas e contextos, que garantiram a permanência de força de trabalho, imprescindível à actividade mineira e à sua participação na economia global. Apesar da contribuição na construção política e material dos impérios coloniais, o espaço da Diamang, à semelhança de outras companhias de exploração, tem-se mantido uma área cinzenta nos estudos que se tem debruçado sobre a produção de arquitectura e de expressões de urbanidade em África, num duplo sentido: por um lado, porque se sabe muito pouco sobre o seu planeamento e produção; por outro, porque apresenta construções mundanas que não enquadram no edificado excepcional – aos níveis de escala, linguagem, localização ou autoria – que figura na maioria das investigações. Para além destes pontos, a Diamang apresenta ainda significativos pontos de diálogo com empresas coloniais em geografias vizinhas, particularmente no Congo Belga, que nos permitem inquirir a extensão de redes transnacionais e transimperiais na edificação do colonialismo europeu. Neste trabalho discutem-se planos, projectos e apropriações formais e nominais, assim como pontos de flexão, para uma visão integrada (mas sem pretensões herméticas) das formas construídas a partir da Diamang. Cada parte tem um tema e objectivos bem identificados, versando sobre as construções do território, os imaginários de urbanidade e as espacializações de poder; mas a sua leitura foi pensada no conjunto, de modo complementar, com o intuito de sinalizar e reforçar os múltiplos trajectos de imaginação, nomeação, planeamento, concretização e contestação de espaços coloniais em formação.