Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/114235
Título: A banalidade do mal na prática profissional do jornalismo
Outros títulos: The banality of evil on journalism professional practice
Autor: Gameiro, Cláudia da Silva
Orientador: Martins, Carla Isabel Agostinho
Camponez, José Carlos Costa dos Santos
Palavras-chave: Hannah Arendt; banalidade do mal; Jornalismo; Hannah Arendt; banality of evil; journalism; -; -; -; -
Data: 16-Jan-2023
Título da revista, periódico, livro ou evento: A banalidade do mal na prática profissional do jornalismo
Local de edição ou do evento: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Resumo: A presente investigação propôs-se analisar a prática profissional do jornalismo a partir do conceito de “banalidade do mal”, uma formulação que acaba por concretizar uma síntese da teoria política da filósofa alemã Hannah Arendt. Neste sentido, foi nosso objetivo procurar identificar os princípios inerentes à ação jornalística, nomeadamente os seus valores normativos e elementos chave da respetiva ideologia profissional, por forma a empreender uma desconstrução concetual e histórica dos mesmos e tentar perceber onde se fundamentam práticas, crenças e motivações. Sendo que “banalidade do mal” implica uma ausência de pensamento crítico, nos termos formulados por Hannah Arendt, esta análise procurou compreender as raízes de problemas éticos e deontológicos inerentes ao setor jornalístico e que pareciam sustentar uma crise de difícil resolução.Não sendo Hannah Arendt uma autora de fácil compreensão às massas, para além da investigação em torno da ação jornalística, o presente trabalho elabora uma estruturação, que se pretendeu menos ambígua, em torno das principais ideias da autora. Intelectual judia fortemente marcada pelo Holocausto, Hannah Arendt debateu-se ao longo da sua vida com os fundamentos do fenómeno do mal, recusando-se a dar-lhe dimensão demoníaca e pensando-o à escala humana. Neste sentido, assumem particular relevância ideias como a diferença entre entendimento e compreensão, doutrinação e pensamento, assim como os efeitos desumanizantes do pensamento racionalista aplicado ao desenvolvimento tecnológico do mundo moderno e contemporâneo.Pensar a ação jornalística a partir da teoria política arendtiana conduziu a um diálogo com vários jornalistas, por meio de um inquérito por questionário e um inquérito por entrevista, procurando-se colocá-los a refletir sobre os principais dilemas do seu exercício profissional e a crise que marca a profissão. Constatou-se o reconhecimento de vários problemas socioprofissionais, que foram agudizados pela transição para o digital, desde a precarização à desprofissionalização, excesso de influência do mercado e da política sobre os objetivos nobres do ofício, mas também uma significativa desorientação e sintomas de receio que se perca o sentido do ofício pelos próprios jornalistas. Observou-se ainda a mudança de convicções e motivações de adesão à profissão ao longo dos últimos 50 anos, afirmando-se a necessidade de haver mais reflexão dentro dos ambientes redatoriais e de uma reestruturação do setor que permita reforçar a credibilidade do ofício.A teoria política de Hannah Arendt, a investigação teórica e o estudo empírico acabam por confluir numa discussão profunda em torno das raízes do ofício de jornalista e as reais motivações que terão estado na origem do impulso político da profissão que, mais de 200 anos depois, acabaram por estruturar a ideologia profissional e oferecer legitimidade ao jornalismo como pilar da democracia. Analisa-se também a decadência desses mesmos princípios e as razões que estarão na base desse processo, assim como os perigos que enfrenta na atualidade o jornalismo democrático. Conclui-se com a necessidade dos jornalistas voltarem a assumir as rédeas da profissão, recuperando pelo menos parte do espírito que esteve na sua fundação na época moderna e que abriu caminho às grandes revoluções do mundo ocidental.
The present investigation proposed to analyze the professional practice of journalism from the concept of “banality of evil”, a phrase that ends up concretizing a synthesis of the political theory of the german philosopher Hannah Arendt. In this context, it was our objective to seek to identify the principles inherent to journalistic action, namely its normative values and key elements of the respective professional ideology, in order to undertake a conceptual and historical deconstruction of them and try to understand where practices, beliefs and motivations are based. Since “banality of evil” implies an absence of critical thinking, in the terms formulated by Hannah Arendt, this analysis sought to understand the roots of ethical and deontological problems inherent in the journalistic sector which seemed to sustain an ongoing crisis that is difficult to resolve.Since Hannah Arendt is not an author easily understood by the masses, in addition to the investigation around journalistic action, the present work elaborates a structuring, which was intended to be less ambiguous, around the author's main ideas. A jewish intellectual strongly marked by the Holocaust, Hannah Arendt struggled throughout her life with the foundations of the phenomenon of evil, refusing to give it a demonic dimension and thinking about it on a human scale. In this sense, ideas such as the difference between understanding and comprehension, indoctrination and thinking, as well as the dehumanizing effects of rationalist thinking applied to the technological development of the modern and contemporary world, assume particular relevance.Thinking about journalistic action from the arendtian political theory led to a dialogue with several journalists, through a questionnaire survey and an interview survey, seeking to make them reflect on the main dilemmas of their professional practice and the crisis that marks the profession. There was a recognition of several socio-professional problems, which were exacerbated by the transition to the digital era. From precariousness to deprofessionalization, excess of market and political influence on the noble objectives of the craft, but also a significant disorientation and symptoms of fear that the essence of the craft is lost is bothering the journalists themselves. It was also observed the change in convictions and motivations for joining the profession over the last 50 years, affirming the need for more reflection within the editorial environments and a restructuring of the sector to increase the credibility of the profession.Hannah Arendt's political theory, theoretical research and empirical study end up converging in a deep discussion around the roots of the journalist's profession and the real motivations that would have been at the origin of the political impulse of the profession which more than 200 years later ended up forming the professional ideology and offering legitimacy to journalism as a pillar of democracy It also analyzes the decay of these principles and the reasons for this process, as well as the dangers that democratic journalism faces today.It concludes with the need for journalists to take back the reins of the profession, recovering at least part of the spirit that was at its foundation in the modern era and that paved the way for the great revolutions of the western world.
Descrição: Tese de Doutoramento em Ciências da Comunicação apresentada à Faculdade de Letras
URI: https://hdl.handle.net/10316/114235
Direitos: embargoedAccess
Aparece nas coleções:UC - Teses de Doutoramento

Ficheiros deste registo:
Ficheiro TamanhoFormato
TeseCG_final.pdf3.94 MBAdobe PDFVer/Abrir
Mostrar registo em formato completo

Visualizações de página

1.450
Visto em 28/ago/2024

Google ScholarTM

Verificar


Este registo está protegido por Licença Creative Commons Creative Commons