Ser professor no século XXI: um ofício em transformação?

Abstract

A mudança imprevista e acelerada é assumida como marca distintiva deste século. É usada repetidamente como justificação para reivindicar a transformação da escola de forma a acompanhar os avanços globais. Afirma-se que os alunos do presente, distintos dos do passado, aprendem de modo diferente e têm outros interesses. Graças a novos e sofisticados meios informáticos, dispõem, em qualquer lugar e hora, da informação de que precisam para aprender ao seu ritmo. O presente estudo, partindo de uma revisão de literatura de caráter exploratório, incide sobre uma análise de conteúdo de um corpus documental da especialidade, em particular a partir da década de 1960 até à atualidade, entrecruzada com a análise da narrativa política da designada “educação do futuro”, explícita em orientações supranacionais e normativo-legais nacionais. Nesta comunicação, faremos uma retrospetiva das funções docentes para melhor explicarmos as que lhes estão reservadas na conjuntura atual. Transformado em “meio”, o professor despertará potencialidades dos alunos e guiará/facilitará a sua concretização, com vista ao “bem-estar” individual e coletivo. Por inerência, transforma-se a sua relação com o conhecimento e com os alunos, bem como a sua identidade profissional. Vê-se necessário indagar implicações deste cenário – que parecendo consensual, está longe de o ser – num ofício declarado, paradoxalmente, de crucial importância na formação das novas gerações, que pode estar comprometida.