A Funcionalidade como Elemento Preditor numa Unidade de Convalescença.

Abstract

The National Network of Integrated Continuing Care (RNCCI) was created to respond to the new challenges posed by an aging population, the growing burden of chronic diseases, multimorbidity, and functional dependence. The guiding principles of the Network include the concept of continuity of care, focused on dependency from an integrative model of healthcare and social support. The Convalescence typology is intended for acute or chronic users with decompensation of their clinical situation, promoting autonomy and improving functionality through rehabilitation, readaptation, and family and social reintegration. Individuals are referred to convalescence internment based on criteria, including an indication for a physical rehabilitation program with a predicted duration of 30 days or less. At the end of the internment, individuals are expected to be autonomous or have a level of functionality that allows them to return to their pre-event situation. Objectives: To understand whether the functional level upon admission of individuals to a Convalescence Unit (CU) is a predictor of expected functional gains for a 30-day internment and to identify a functional level for which users should be referred to a Convalescence Unit or directed to other typologies. Methodology: An observational, retrospective, analytical, and cross-sectional study was conducted on a sample of 290 individuals in a healthcare unit between June 2020 and May 2022. The admission diagnoses of the individuals were grouped according to the ICD-11. Data were collected from a working file, with records of the application of the Barthel Index (BI) and the Functional Independence Measure (FIM) at admission and discharge of the individuals in the unit. Statistical analysis involved descriptive and inferential statistics to analyse the variables and the retrospective application of ROC curves to statistically calculate the cut-off point in BI and FIM at admission and discharge based on the individuals' discharge destination. Results: The entry diagnoses of individuals, classified by ICD 11, did not influence the functional level upon admission or discharge. There is a correlation between age and functional level, with older individuals having lower functional capacity. A cut-off point was determined for each measurement instrument, being ≥55 for the BI and ≥83 for the FIM, which with good sensitivity and specificity determine a high probability of returning home at the end of the internment. Other factor such as socio-familial support was identified as potentially influencing the determination of the discharge destination. Discussion and Conclusion: Individuals with higher functional levels at discharge are mostly those who return home, and those with lower functional levels remain in the unit longer awaiting transfer to other typologies. This study demonstrated the possibility of finding a functional cut-off point upon admission of users to a CU. BI and FIM values above the cut-off point suggest a probability of returning home. However, those with functional levels below these cut-off points increase the demand for other responses in the Network, leading to duplication of responses and health expenditures. We consider it necessary to replicate this study in other CU, as well as in other typologies of care provision within the Network. The management of functional gains and the analysis of cut-off points could promote a new identification of referral criteria and sustainable management.

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi criada com o intuito de dar resposta aos novos desafios colocados pelo envelhecimento populacional, acrescido da carga crescente das doenças crónicas, as multimorbilidades e a dependência funcional. Dos princípios orientadores na Rede surge o conceito de continuidade de cuidados, focado da dependência numa perspectiva de modelo integrativo de cuidados de saúde e apoio social. A tipologia de Convalescença, destina-se a utentes agudos ou crónicos com descompensação da sua situação clínica, promovendo a autonomia e melhorando a funcionalidade, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção familiar e social. A referenciação de indivíduos para o internamento de convalescença segue critérios, de entre os quais, a indicação para programa de reabilitação física com duração previsível igual ou menor a 30 dias. No final do internamento é expectável que os indivíduos estejam autónomos ou com um nível de funcionalidade que lhes permita regressar a sua situação pré-evento. Objetivos: Perceber se o nível funcional na admissão dos indivíduos numa Unidade de Convalescença (UC) é um preditor dos ganhos funcionais esperados para um internamento de 30 dias; identificar um nível funcional para o qual os utentes devem ser referenciados para Unidade de Convalescença ou encaminhados para outras tipologias. Metodologia: Efetuou-se um estudo observacional, retrospetivo, analítico e transversal, numa amostra de 290 indivíduos numa UC entre junho de 2020 e maio de 2022. Os diagnósticos de admissão dos indivíduos foram agrupados segundo a CID 11. Os dados foram recolhidos de um ficheiro de trabalho, com os registos da aplicação do Índice de Barthel (IB) e Medida de Independência Funcional (MIF) na admissão e na alta dos indivíduos da Unidade. A análise estatística envolveu medidas de estatística descritiva e estatística inferencial para análise das variáveis e aplicação de curvas de ROC retrospetivamente para calcular estatisticamente o ponto de corte no IB e MIF na admissão e alta em função do destino da alta dos indivíduos. Resultados: Os diagnósticos de admissão dos indivíduos, classificados pela CID 11, não influenciam o nível funcional na admissão nem na alta; existe uma correlação entre a idade e o nível funcional, verificando-se que quanto maior a idade dos indivíduos menor a capacidade funcional; determinou-se um ponto de corte para cada instrumento de medida sendo ≥55 para o IB e ≥83 para a MIF, que determinam com boa sensibilidade e especificidade uma elevada probabilidade de regresso ao domicilio no final do internamento; identificaram-se outros fatores como a retaguarda sociofamiliar que puderam ter influência na determinação do destino da alta. Discussão e Conclusão: Os indivíduos com maior nível funcional na alta, na sua maioria, são os que regressam ao domicílio e os indivíduos com menor nível funcional permanecem mais tempo na Unidade a aguardar transferência para outras tipologias. Este estudo demonstrou a possibilidade de encontrar um ponto de corte a nível da funcionalidade, no momento de admissão dos utentes numa UC. Os valores do IB e da MIF superiores ao ponto de corte, sugerem uma probabilidade do regresso ao domicílio. No entanto, aqueles com níveis funcionais abaixo desses pontos de corte aumentam a demanda por outras respostas na Rede, levando a uma duplicação de respostas e gastos em saúde. Consideramos necessária uma replicação deste estudo em outras UC, bem como em outras tipologias de prestação de cuidados da Rede. A gestão dos ganhos funcionais e a análise dos pontos de corte, poderiam promover uma nova identificação de critérios de referenciação e gestão sustentada.