Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/112434
Title: Não faz mal as pessoas esquecerem-se de mim?
Authors: Costa, Carlos 
Issue Date: 2022
Publisher: Teatro Académico de Gil Vicente Laboratório de Investigação e Práticas Artísticas
Serial title, monograph or event: Não faz mal as pessoas esquecerem-se de mim?
Abstract: Não perdendo de vista o facto de o final de carreira ser uma situação transversal à generalidade das atividades profissionais e que reclama um olhar interdisciplinar, tenta-se compreender o que de específico a reforma possa ter num setor eminen- temente associado à visibilidade e ao prazer de “estar no palco”; compreender se a profissão terá aqui um peso particularmente grande na definição da identidade de cada um, pelo menos ao ponto de agudizar as dificuldades da transição; compreender como lidará um artista reformado (um ator, por exemplo) com o desaparecimento da “luz que sobre si costumava incidir”, suscitando os olhares e atenções de todos; compreender o que fará um reformado destes com o seu tempo e como se relacionará com as gerações que se acumulam para lhe “roubar a cena”. Numa tentativa de contornar o silêncio dominante em torno desta questão, o autor – que tem 48 anos e é profissional de teatro, trabalhando como dramaturgo, encenador e ator – convoca um diálogo com quatro nomes de referência do teatro, na cidade do Porto, ao longo dos últimos 50 anos, deparando com um “drama com poucos ouvintes” e questionando o papel do Estado e de cada um de nós no abandono destes reformados ao papel de “meros figurantes numa peça de que deveriam ser autores”. O artigo, tomando como exemplo o caso do teatro na cidade do Porto, aponta marcas específicas da reforma no setor das artes performativas, como a confusão entre vida e profissão, a falta de preparação da reforma, a ausência de uma transição clara entre profissão e reforma, o sentimento de alienação da identidade após a reforma e uma genuína (mas difícil) procura de empatia com as gerações mais jovens, na tentativa de continuar a dividir um esforço e uma responsabilidade perante um espaço partilhado. Procura-se também relacionar esta questão com a sua própria e acentuada falta de inscrição social, seja para o Estado, seja para os agentes do setor, uns e outros numa aparente sintonia em não falar muito sobre isto; situação que também poderá encontrar ressonância na falta de massa crítica das práticas de arquivo em artes performativas. O autor exigiu a si próprio que a escrita deste artigo forçasse, na sua própria vida, ligações, cumplicidades e responsabilidades que tornassem mais visível, mais digna e mais estimulante a situação em análise.
Keeping in mind that the end of the career is a situation common to all professional areas, demanding an interdisciplinary approach, the author tries to understand what might be specific in a sector so much connected to what is visible and to the pleasure of being “on stage”; to understand if the job is more important than usual in the definition of the worker’s identity, at least to the point of making the transition harder; to understand how does an artist – for instance an actor – deals with losing the “light he was used to have on him”, catching the eyes of everyone else; to understand how can one deal with time after retirement and how to relate to the younger generations, preparing to climb “upon the scene”. Trying to move around the silence in which this question is hidden, the author – 48 years old and working as a playwright, director and actor – summons a dialogue with four major names in the theatre of Porto, for the past 50 years, to find a “drama with no one to listen”; in this path, he considers not only the role of the State but also the role of each one of us, when leaving these retired actors “as extras in a play they should also be writing”. The paper – building in the case of Porto – pinpoints specific characteristics of retirement in the performing arts sector, such as the confusion between life and job, the lack of preparation of retirement, the absence of a clear transition between job and retirement, the feeling of losing identity after retirement and a true (but difficult) search for empathy with the younger generations, in the attempt of sharing the commitment and responsibility for a same public space. The paper also tries to relate this question with the lack of visibility of the question itself, for the state, and even among the class, with no one willing to talk about it; what might also relate to the little importance given to archive in the performing arts sector. The author demanded of himself that writing this paper would make him change his own life, through new connections and responsibilities, enabling this question to reach a wider and more stimulating visibility and dignity.
URI: https://hdl.handle.net/10316/112434
ISBN: 978-989-99170-6-4
Rights: openAccess
Appears in Collections:I&D CEIS20 - Livros e Capítulos de Livros

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