Egas Moniz e a ordem moral

Abstract

Os usos da história para fins ficcionais são legítimos, culturalmente vantajosos, imprimindo aos conteúdos um interesse suplementar. Entre os recursos historiográficos mais notáveis destacamos várias narrativas biográficas. No caso que vos trago, que eclodiu em 1918, salienta-se a participação de Egas Moniz (1874-1955) no processo de interdição de Maria Adelaide Coelho da Cunha (1869-1954) a pedido do seu marido Alfredo Cunha (1863-1942). Há uma extensa bibliografia sobre o caso, baseada ou inspiradas em notícias e demais documentação, sendo o filme e série televisiva “A Ordem Moral”, de Mário Barroso, a sua mais recente manifestação. O envolvimento de vários psiquiatras e um neurologista neste processo, reveste-se de um interesse especial para o conhecimento dos impactos sociais das práticas da época. Cruzando fontes e biografemas, discutimos congruências, razoabilidades, bem como a fundamentação e o rigor com que estas figuras da psiquiatria e da neurologia são tratadas na versão desta série da RTP1 (2021).