Musealização, História Política e Processos Transicionais: na Casa da História Europeia, no Museu do Aljube e na Topografia do Terror

Abstract

This dissertation aims to study the role of museology and the processes of patrimonialization of memories that appear as a way of supporting processes of reconciliation of societies in the aftermath of moments of political transition. It is also intended to understand how and in what way museology has been used as a tool for social intervention in transitional processes in contemporary societies and what its implications are. Through the study of three distinct museological realities: the House of European History, in Brussels, the Aljube Museum, in Portugal, and the Topography of Terror, in Germany. These case studies were chosen with the aim of exploring the potential of museums as spaces for reconciling conflicting narratives and memories that, while used as a strategy that complements transitional justice, integrate broader objectives such as democratic consolidation. Since they are linked to political histories, these museums were chosen because they work with different transitional processes, such as the change from the Nation-State to the European community, the fight against dictatorship and the escape from authoritarianism. After a detailed study, it is argued that Museology should not seek reconciliation in an abstract way, but rather in a way that favors an objectifying narrative and that tends towards a more comprehensive representation of the different moments that constitute historical memory about the past, even if this implies the recognition of contentious memories.

Com esta dissertação pretende-se estudar o papel da museologia e dos processos de patrimonialização de memórias que aparecem como uma forma de apoiar processos de reconciliação de sociedades no rescaldo dos momentos de transição política. Pretende-se igualmente compreender como e de que forma a museologia tem sido utilizada como ferramenta de intervenção social nos processos transicionais nas sociedades contemporâneas e quais são as suas implicações. Através do estudo de três realidades museológicas distintas: a Casa da História Europeia, em Bruxelas, o Museu do Aljube, em Portugal, e a Topografia do Terror, na Alemanha. Estes estudos de caso foram escolhidos com o intuito de explorar o potencial dos museus como espaços de reconciliação de narrativas e de memórias conflituosas que enquanto utilizados como uma estratégia que complementa a justiça transicional integram objetivos mais amplos como a consolidação democrática. Uma vez ligados às histórias políticas, estes museus foram escolhidos porque trabalham com processos transicionais diferentes, como a alteração do Estado-Nação para a comunidade europeia, o combate à ditadura e a fuga ao autoritarismo. Após um estudo pormenorizado, argumenta-se que a Museologia não deve buscar a reconciliação de modo abstrato, mas sim de uma forma que favoreça uma narrativa objetificante e que tenda para uma representação mais abrangente dos diversos momentos que constituem a memória histórica acerca do passado, mesmo que isto implique o reconhecimento de memórias contenciosas.