Manuais Escolares de História: Uma perspetiva eurocêntrica sobre o passado

Abstract

Enquanto instrumento de trabalho, o Manual Escolar (ME) apresenta-se como meio através do qual alunos e professores partem e acedem aos conteúdos programáticos. Todavia, esta ferramenta, no caso da disciplina de História, está intimamente ligada a um fenómeno sociocultural de enorme relevância – a memória histórica. A construção, conjunta, de uma narrativa histórica que contribua, simultaneamente, para o desenvolvimento do saber sobre o passado e o estabelecimento de uma memória coletiva, coesa e aglomeradora. É desta relação, e nesta relação, que reside o problemático eurocentrismo dos ME de História. Enquanto ferramenta, útil para a transmissão, adaptada, de conhecimentos, o ME deveria apresentar-se isento das ideologias políticas e socioculturais inerentes a toda e qualquer sociedade. Todavia, sobretudo graças a uma relação ambígua entre a historiografia e os ME, estes tendem a funcionar como meio transmissor de narrativas fabricadas e com ideias políticas subliminares.Os documentos, as imagens e os textos dos ME, condicionam o próprio desenvolvimento da disciplina. Através da análise destes componentes dos manuais, seremos capazes de compreender de que forma isso acontece e, acima de tudo, permitirá que façamos uma reflexão sobre a temática. Concentramos o estudo nos ME de História dos 7.º, 8.º e 10.º ano. Com a contribuição dos alunos, iremos tentar compreender qual o impacto que os ME têm nas suas perspetivas de e para os manuais.Perante um momento transformador como a digitalização deste material escolar, propomos uma reflexão sobre o seu papel social, educativo e político.

As a work tool, the Textbook presents itself as a means through which students and teachers depart and access the syllabus contents. However, this tool, in the case of the discipline of History, is closely linked to a sociocultural phenomenon of enormous relevance – historical memory. The joint construction of a historical narrative that simultaneously contributes to the development of knowledge about the past and the establishment of a collective, cohesive and agglomerating memory. It is from this relationship, and in this relationship, that the problematic Eurocentrism of the History Textbooks resides.As a useful tool for the adapted transmission of knowledge, the Textbook should be exempt from any society's political and sociocultural ideologies. However, mainly thanks to an ambiguous relationship between historiography and Textbooks, the latter tends to function as a means of transmitting fabricated narratives and subliminal political ideas.The documents, images, and texts of the Textbook condition the very development of the discipline. Through the analysis of these components of the textbook, we will be able to understand how this happens and, above all, it will allow us to reflect on the subject. We concentrated the study on the 7th, 8th, and 10th grade History Textbooks. With students’ contributions, we will try to understand what impact the Textbook has on their perspectives of and for textbooks.Faced with a transformative moment such as the digitalisation of this school material, we propose reflecting on its social, educational and political role.