Pensar e repensar o Manual de História: Um estudo sobre as percepções e as utilizações dos manuais escolares no ensino e na aprendizagem de História

Abstract

This case study was developed within the scope of the Master's degree in Teaching of History in the 3rd Cycle of Basic Education and Secondary Education, at the Faculty of Arts and Humanities of the University of Coimbra. Its focus was to explore the ways in which textbooks are used in the teaching and learning of History. Textbooks are the most accessible learning resource for students and they accompany them throughout most of their compulsory education. Given the weight of their presence in schools, it is essential to investigate how they are conceived and utilized in everyday practice. Based on this premise, a study was designed to diagnose how textbooks are perceived by the agents of the teaching-learning process, how they are used in day-to-day activities, both inside and outside of history lessons, and what limitations may be encountered, proposing strategies to overcome them. The research was conducted with one class from the 8th grade and another class from the 10th grade, in a public school in Coimbra. Data collection was done through the observation of classroom dynamics and the administration of questionnaires to students, their guardians, and the History teachers working at the school. The diagnosis revealed a reality that is probably identifiable in other Portuguese schools: textbooks are the preferred resource for the majority of students and teachers, for both in-class and out-of-class work. It also pointed out the tendency for students to perceive the textbook as an authority in History. Many did not wish for anything to be changed in the composition or the way the subjects are approached, possibly because they do not habitually reflect on the narratives and contents of their textbook, merely reproducing them. This way of relating to textbooks can contribute to crystallize historical narratives and to perpetuate a view of science as composed of closed and unquestionable facts.

O presente estudo de caso foi desenvolvido no âmbito do Mestrado em Ensino de História no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, com foco em explorar quais são as formas de apropriação dos manuais escolares no ensino e na aprendizagem de História. O manual é o recurso de apoio à aprendizagem mais acessível aos alunos e que os acompanha durante quase todo o seu percurso pela escolaridade obrigatória. Tendo em conta o peso de sua presença na escola, torna-se essencial investigar como são pensados e apropriados na prática cotidiana. Partindo desta premissa, buscou-se diagnosticar como os manuais escolares de História são percebidos pelos agentes do processo de ensino-aprendizagem, de que forma são utilizados no dia a dia, dentro e fora da sala de aula, e quais são as limitações que podem ser encontradas nas relações com eles estabelecidas, propondo estratégias para colmatá-las. A investigação foi conduzida com uma turma do 8º ano e outra turma do 10º ano, em uma escola pública de Coimbra. A recolha de dados se deu através da observação de dinâmicas de sala de aula e da aplicação de inquéritos por questionário, destinados àqueles que mais interagem com esses materiais no seu cotidiano – alunos, seus encarregados de educação e os professores de História a atuar na escola. O diagnóstico revelou uma realidade possível de identificar em outras escolas portuguesas: que é o recurso de preferência da maioria dos alunos e dos professores, para trabalho dentro e fora da sala de aula. Apontou também a tendência de os estudantes pensarem o manual escolar como autoridade em matéria de História. Muitos não desejavam que algo fosse alterado na composição ou na forma como as matérias são abordadas, talvez por não habitualmente refletirem acerca das narrativas e dos conteúdos do manual, limitando-se a reproduzi-los. Essa forma de relacionarem-se com os livros escolares pode contribuir para cristalizar narrativas históricas e para veicular uma forma de pensar a ciência enquanto fatos fechados e indiscutíveis.