A importância do nível socioeconómico no desenvolvimento da depressão pós-parto nos cuidados de saúde primários

Abstract

Introdução: A maternidade é reconhecida como um importante fator de stress psicossocial que está associado ao desenvolvimento de perturbações mentais que incluem a DPP. Esta patologia é uma forma específica de depressão que tem início na gravidez ou até 12 meses após o parto e apresenta uma prevalência nacional de 12,4%. Segundo a literatura existem vários fatores que aumentam significativamente o risco de se desenvolver DPP, entre eles o baixo índice socioeconómico. O presente trabalho focou-se em estudar esta relação na ARS Centro com o objetivo de alertar os médicos de Medicina Geral e Familiar para a importância da avaliação deste parâmetro na determinação do risco das puérperas desenvolverem DPP.Materiais e métodos: Para avaliar a relação descrita anteriormente fez-se um estudo observacional transversal com intenção analítica das puérperas com o diagnóstico de depressão pós-parto com seguimento nos Cuidados de Saúde Primários da ARS Centro. A amostra incluiu todas as grávidas acompanhadas nos CSP do Baixo Mondego e da região de Cova da Beira em 2020 e 2021 com o diagnóstico de gravidez e a presença simultânea de código de depressão. Os dados obtidos foram analisados descritivamente e, com recurso, ao teste qui-quadrado foi possível estudar a relação de dependência entre a isenção por IE e outras variáveis em estudo. Resultados: Os testes qui-quadrado que relacionaram a isenção por insuficiência económica com o momento de diagnóstico de depressão ( p=0,096) , localização ( p=0,280) e o início de IE e do diagnóstico ( p=0,118) não revelaram a não independência das variáveis em estudo. Em contraste, foi possível observar uma elevada prevalência de IE em puérperas com DP em algumas secções das regiões de CB e BM. Foi ainda possível concluir-se que o período de diagnóstico com maior prevalência é 2 a 11 meses após o parto.Discussão e conclusões: Apesar das várias limitações de dados encontradas ao longo do estudo, foi possível observar a prevalência de 30% de insuficiência económica nas utentes com DPP. Este facto demonstrou a necessidade de realização de estudos com dados mais exaustivos e a importância da avaliação do nível socioeconómico nas consultas de seguimento de gravidez e de puerpério.Denota-se, ainda, uma baixa prevalência de DPP comparativamente à prevalência nacional. Este facto pode ser explicado por diversos fatores como o reduzido tamanho amostral, a baixa adesão às consultas de puerpério, estigma, tempo reduzido para as consultas, baixo nível de literacia em saúde e elevadas exigências profissionais.

Introduction: Maternity is recognised as an important psychosocial stressor that is associated with the development of mental disorders including PPD. This pathology is a specific form of depression that begins in pregnancy or up to 12 months after birth and has a national prevalence of 12.4%. According to the literature, there are several factors that significantly increase the risk of developing PPD, including low socioeconomic status. This study focused on the study of this relation in ARS centro, with the aim of alerting Family Doctors to the importance of assessing this parameter in determining the risk of postpartum women developing PPD.Materials and methods: To assess this relationship, a cross-sectional observational study with analytical intention was conducted on puerperae diagnosed with postpartum depression and followed up in Primary Health Care in ARS Centro. The sample included all pregnant women followed up in the PHC of Baixo Mondego and Cova da Beira region in 2020 and 2021 with the diagnosis of pregnancy and the simultaneous presence of a depression code. The data obtained were descriptively analyzed and, using the chi-square test, it was possible to study the dependence relationship between EI exemption and other variables under study. Results: The chi-square tests that related the exemption for economic insufficiency with the moment of diagnosis of depression ( p=0.096), location ( p=0.280) and the onset of IE and the diagnosis ( p=0.118) did not reveal the non-independence of the variables under study. In contrast, it was possible to observe a high prevalence of Economic exemption in puerperae with PD in some sections of the CB and WB region. It was also possible to conclude that the diagnostic period with the highest prevalence is 2 to 11 months after delivery.Discussion and conclusions: Despite the various data limitations encountered throughout the study, it was possible to observe the 30% prevalence of economic insufficiency in women users with PPD. This fact demonstrated the need for studies with more comprehensive data and the importance of assessing the socioeconomic status in pregnancy and puerperium follow-up consultations.We also observed a low prevalence of PPD compared to the national prevalence. This fact can be explained by several factors such as the small sample size, low adherence to puerperium consultations, stigma, reduced time for consultations, low level of health literacy, and high professional demands.