Impacto da pandemia por SARS-CoV-2 na taxa de aleitamento materno num hospital perinatal Amigo dos Bebés em Portugal

Abstract

Introdução: A pandemia por SARS-CoV-2 foi desafiante para as mães e recém-nascidos pelo impacto que teve nos cuidados, práticas e procedimentos hospitalares habituais relativos ao parto, amamentação e participação familiar. O aleitamento materno tem vantagens reconhecidas e universalmente aceites e os primeiros dias de vida são uma janela fundamental para o seu início. O objetivo principal deste estudo foi avaliar o impacto dapandemia por SARS-CoV-2 no estabelecimento do aleitamento materno.Métodos: Foi realizado um estudo observacional e retrospetivo, num hospital de apoioperinatal certificado como hospital Amigo dos Bebés, comparando o período pandémico (abrila dezembro de 2020) e o período homólogo pré-pandémico. Foram incluídos os recém nascidos de termo e saudáveis e excluídos os recém-nascidos e as mães compatologia/medicação que contraindique amamentação, mães infetadas com o vírus SARS CoV-2 e que expressaram vontade de não amamentar. Analisaram-se variáveis demográficas, tipo de parto e práticas hospitalares, que poderiam influenciar o início e manutenção da amamentação e taxas de aleitamento materno na alta hospitalar.Resultados: O estudo incluiu 450 díades de mães-RN em cada um dos períodos. A taxa de aleitamento materno apresentou valor mais elevado no período pandémico (99,3% vs 97,6%; p=0,031). A taxa de aleitamento materno exclusivo entre o período pandémico e pré pandémico (81,6% vs 80,2%, p=0,611), não revelou diferenças significativas, assim como a realização do contacto pele a pele (58,0% vs 56,2%, p=0,590). Outras variáveis influenciaram positivamente o aleitamento materno exclusivo nos dois períodos, como a perda ponderal <10% e a não realização de fototerapia.Conclusão: Este estudo evidenciou que a taxa de AME do período pandémico, não se mostrou afetada pelas restrições implementadas, provavelmente devido às práticas da Instituição de acordo com o defendido pelos Hospitais Amigos dos Bebés.

Introduction: The SARS-CoV-2 pandemic was challenging for mothers and newborns because of its impact on the usual hospital care, practices and procedures related to childbirth, breastfeeding and family participation. Breastfeeding has recognized and universally accepted advantages and the first days of life are a fundamental window to its initiation. The main goal of this study was to evaluate the impact of the SARS-CoV-2 pandemic on the establishment of breastfeeding.Methods: An observational and retrospective study was performed at a perinatal support hospital certified as Baby-Friendly, comparing the pandemic period (april to december 2020) to the homologous pre-pandemic period. Term and healthy newborns were included; newborns and mothers with pathology/medication that contraindicates breastfeeding, mothers infected with SARS-CoV-2 and mothers that expressed their will not to breastfeed were excluded. We analyzed demographic variables, type of delivery and hospital practices, which could influence the beginning and maintenance of breastfeeding and breastfeeding rates at discharge.Results: This study included 450 mother-newborn dyads in each one of the periods. The breastfeeding rate was higher in the pandemic period (99.3% vs. 97.6%; p=0.031). Exclusive breastfeeding rate between the pandemic and pre-pandemic period (81.6% vs. 80.2%, p=0,611) did not show significant differences, as well as skin-to-skin contact (58.0% vs. 56.2%, p=0.590). Other variables positively influenced exclusive breastfeeding in both periods, such as weight loss <10% and the absence of phototherapy.Conclusion: This study revealed that the exclusive breastfeeding rate during the pandemic period wasn’t affected by the implemented restrictions, probably due to the Institution’s practices, according to Baby-Friendly Hospitals policies.