ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO NÃO INVASIVO DA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA NA COVID-19

Abstract

The first cases of coronavirus (SARS-CoV-2) infection occurred at the end of 2019 in China, and it was quickly declared as global pandemic named Coronavirus Disease 2019 (COVID-19).COVID-19 has a vast spectrum of clinical manifestations, the most relevant being severe acute hypoxic respiratory failure.At an early stage of the pandemic, patients were treated using endotracheal intubation and invasive ventilation in order to prevent the progression of lung injury. However, the lack of hospital resources, the complications of invasive ventilation and the high mortality rates led to the use of methods of non-invasive respiratory support. These techniques quickly became first choice therapies due to their excellent results in reducing the need for intubation and improving patients’ survival.The non-invasive respiratory support methods most commonly used in severe acute hypoxic respiratory failure for COVID-19 patients are high-flow nasal cannula therapy and non- invasive ventilation through continuous or bilevel positive airway pressure (CPAP/BiPAP). Awake prone positioning in spontaneously breathing patients was also explored as an adjuvant technique due to its beneficial ventilatory effects.This review gives an overview of the current aspects of high-flow nasal cannula therapy, non-invasive ventilation and awake prone positioning namely its advantages and disadvantages, its complications and some suggestions of standard guidelines for the treatment of severe acute hypoxic respiratory failure in COVID-19 patients. It also addresses the comparison between high-flow nasal cannula therapy and non-invasive ventilation as well as non-invasive respiratory support and invasive ventilation so as to get a better understanding of the indications for each therapeutic method. Finally, it provides additional information regarding the precautions to be taken in order to avoid the spread of infection when applying these techniques.

Na China, no final do ano de 2019 começaram a surgir os primeiros casos de infeção pelo coronavírus-2 (SARS-CoV-2) e rapidamente foi declarada uma pandemia global designada por Coronavirus Disease 2019 (COVID-19).A COVID-19 tem um amplo espectro de manifestações clínicas, sendo a mais relevante a insuficiência respiratória aguda (IRA) hipoxémica grave.Numa fase muito precoce da pandemia, estes doentes eram tratados com recurso a intubação orotraqueal (IOT) e ventilação invasiva (VI), de forma a evitar uma lesão pulmonar em progressão. No entanto, a escassez de recursos hospitalares, as complicações associadas e as altas taxas de mortalidade, conduziram à exploração de métodos de suporte respiratório não invasivo (SRNI). Estes métodos celeremente se converteram em terapêuticas de primeira linha pelos excelentes resultados que demonstraram na diminuição da necessidade de IOT e na melhoria da sobrevida dos doentes.As modalidades de SRNI mais utilizadas no tratamento da IRA grave em doentes COVID-19 são o oxigénio nasal de alto fluxo (ONAF) e a ventilação não invasiva (VNI), nomeadamente através de pressão positiva contínua (CPAP) ou binível (BiPAP). Foi, também, reexplorado o posicionamento do doente acordado com respiração espontânea em decúbito ventral (DV) como adjuvante das técnicas anteriores, devido aos seus efeitos ventilatórios benéficos.Esta revisão fornece uma visão geral dos aspetos mais atuais sobre o ONAF, a VNI e o posicionamento do doente em DV, nomeadamente as suas vantagens e desvantagens, complicações e algumas sugestões mais consensuais de abordagem padrão ao doente com IRA grave secundária à COVID-19. Faz o paralelismo entre o ONAF e a VNI, assim como entre o SRNI e a VI, de forma a facilitar a compreensão das indicações de cada uma das diferentes modalidades terapêuticas. Por fim, fornece informações adicionais relativas aos cuidados a ter para evitar o contágio e a disseminação da infeção aquando da aplicação destas técnicas.