Transição Paradigmática, Pós-Modernismo Crítico e Teoria Social

Abstract

Na actual fase de transição paradigmática, o debate teórico nas ciências sociais desenvolve-se num contexto marcado pela tensão entre as dinâmicas de globalização e a rearticulação local de configurações sociais, culturais e políticas, e pelo surgimento e confronto de diferentes maneiras de pensar a "condição pós-moderna". A construção de uma teoria social crítica associada ao pós-modernismo de resistência - por contraposição ao pós-modernismo celebratório ou afirmativo - passa por potenciar e completar o impulso associado à "viragem cultural" nas ciências sociais - um impulso que tem sido principalmente desconstrutivo e centrado nas representações e formas discursivas - com um trabalho de reinvenção teórica e metodológica caracterizado pela fluidez das fronteiras disciplinares e pela permeabilidade e articulação de diferentes modos de conhecimento e de práticas de posicionamento do pesquisador no terreno enquanto "testemunha articulada" (Dick Hebdige). Esta dupla dinâmica de desconstrução/reconstrução é fundamental para a identificação tanto da complexidade das matrizes de relações de poder, das formas de opressão e de desigualdade e das condições que as tornam possíveis, como das condições de emergência de movimentos e de formas institucionais capazes de articular práticas sociais e políticas emancipatórias adequadas a essa complexidade