Conjugalidade e violência: Estudo qualitativo sobre crenças e atitudes na adultez emergente

Abstract

A prevalência da violência no namoro está a aumentar e os investigadores levantam a hipótese deste fenómeno poder estar associado à falta de conhecimento e à banalização dos comportamentos abusivos. O presente estudo teve como objetivos: (a) explorar as crenças e atitudes dos adultos emergentes face à conjugalidade e à violência no namoro; e (b) perceber como estes comportamentos e conceções se associam a padrões culturais e familiares. Para atingir esses objetivos, foi adotada uma metodologia qualitativa, tendo sido realizadas oito entrevistas semiestruturadas individuais, em formato online (N=8; idade média = 21.5). As entrevistas tiveram uma duração média de 1 hora e todas foram gravadas e transcritas para posterior análise temática. Os resultados obtidos indicam que os jovens adultos têm dificuldade em definir tanto a conjugalidade como a violência no namoro, levando ao desconhecimento e questionamento sobre o tema. Para além disso, foi bastante notável a atribuição das suas conceções de conjugalidade às suas próprias experiências, bem como ao que observaram do modelo conjugal dos seus pais. Uma vez que poucos estudos se focaram na violência conjugal no namoro entre jovens, esta investigação é relevante e inovadora, pois preenche esta lacuna empírica, para além de se ter mostrado útil para uma compreensão mais sistémica e holística da vivência da conjugalidade. Este estudo poderá contribuir para o desenvolvimento futuro de uma escala de avaliação de crenças e atitudes em relação à conjugalidade em casais jovens.

The prevalence of dating violence is on the rise, and researchers hypothesize that this is due to a lack of knowledge and trivialization of abusive behavior. The present study aimed to (a) explore emerging adults’ beliefs and attitudes towards conjugality and intimate violence, and (b) understand how these behaviors and conceptions are associated with cultural and family patterns. To achieve these objectives, a qualitative methodology was adopted, and eight (N=8) individual semi-structured interviews (mean age = 21.5) were conducted online. Interviews had an average duration of 1 hour, and they were all recorded and transcribed for thematic analysis. Our findings indicate that young adults have difficulty defining both conjugality and dating violence, leading to a lack of knowledge and questioning about the topic. It was also quite remarkable that they attributed their conceptions of conjugality to their own experiences as well as to what they observed from their parents' marital model. Very few studies have focused on conjugal violence in dating relationships among young people; our research is relevant and innovative as it fills this gap of knowledge. In addition, it proved to be useful for a more systemic and holistic understanding of the experience of conjugality. Finally, this study might contribute for the future development of a scale for evaluating beliefs and attitudes towards conjugality in young couples. .