O papel da nomofobia na relação entre a solidão e a qualidade de vida

Abstract

Nomophobia is the anxiety caused by not having one’s smartphone with them. In adolescence, one of the main predictors of nomophobia is the duration of smartphone use, where loneliness plays a predominant mediating role. The experience of loneliness is associated with a decrease in psychosocial well-being in adolescents, affecting their quality of life. With this study, the role of nomophobia in the relationship between loneliness and the quality of life of adolescents was analysed.A total of 136 adolescents, of both sexes and aged between 12 and 18 years old (M = 14.40; SD = 1.679) participated in this study. The research protocol applied includes a sociodemographic questionnaire, the Loneliness Assessment Questionnaire (QAS), the Portuguese version of the Nomophobia Questionnaire (NMP-Q-PT) and the Portuguese version of the Youth Quality of Life Instrument (YQOL-R).The results revealed that there is no mediation effect of nomophobia on the relationship between loneliness and quality of life factors in adolescents. On the other hand, it was found that nomophobia, as a moderating variable, moderates the relationship between loneliness in relationships with peers and the individual dimension of quality of life. It was found that, in adolescents who experience more loneliness, the individual dimension of quality of life is higher for those who manifested higher levels of nomophobia. Adolescents seem to find, through the smartphone and the potential it offers, a form of compensation for what they cannot live in the real world, and comfort due to the loneliness they experience.The results of the present study support the importance of continuing to study the conditions and behaviors associated with phenomena that have proven to be prevalent. In particular, these results, because they are associated with loneliness in the relationship with peers, immediately lead us to the role of the educational community, and especially the educational psychologist in the school context, in mitigating these behaviors.

A angústia causada por não ter o seu smartphone consigo denomina-se nomofobia. Na adolescência, um dos principais preditores de nomofobia é a duração de utilização do smartphone, onde a solidão assume um papel mediador preponderante. A experiência de solidão está associada a uma diminuição do bem-estar psicossocial em adolescentes, afetando a sua qualidade de vida. Com este estudo, pretende-se analisar o papel da nomofobia na relação entre a solidão e a qualidade de vida dos adolescentes.Participaram neste estudo 136 adolescentes, de ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos (M = 14,40; DP = 1,679). O protocolo de investigação aplicado inclui um questionário sociodemográfico, o Questionário de Avaliação da Solidão (QAS), a versão portuguesa do Questionário de Nomofobia (NMP-Q-PT) e a versão portuguesa do Youth Quality of Life Instrument (YQOL-R). Os resultados revelaram não existir qualquer efeito de mediação da nomofobia na relação entre a solidão e os fatores de qualidade de vida em adolescentes. Por outro lado, constatou-se que a nomofobia, enquanto variável moderadora tem efeito na relação entre a solidão na relação com pares e a dimensão individual da qualidade de vida. Verificou-se que nos adolescentes que experienciam mais solidão, a dimensão individual da qualidade de vida é mais elevada para os que manifestaram maiores níveis de nomofobia. Os adolescentes parecem encontrar, por via do smartphone e de todas as potencialidades que ele oferece, uma forma de compensação, pelo que não conseguem viver no mundo real, e conforto, devido à solidão que experienciam.Os resultados do presente estudo alimentam a importância de continuar a estudar as condições e os comportamentos associados a fenómenos que se têm revelado como prevalentes no período da adolescência, como é o caso da solidão e da nomofobia. Em particular, estes resultados, por estarem associados à solidão na relação com pares, remetem-nos de imediato para o papel da comunidade educativa, e em especial do Psicólogo em contexto escolar, na atenuação destes comportamentos.