Aceitabilidade das Intervenções Psicológicas Grupais e Fatores Associados: Um estudo exploratório transversal nos adultos emergentes portugueses.

Abstract

O presente estudo pretendeu avaliar e caracterizar as preferências de formato terapêutico e a aceitabilidade antecipatória das intervenções psicológicas grupais dos adultos emergentes portugueses, bem como explorar os fatores sociodemográficos, clínicos e atitudinais que lhe estão associados.Este estudo transversal incluiu uma amostra de 149 adultos emergentes (18 a 29 anos), que responderam a um protocolo de avaliação online composto por um conjunto de instrumentos de autorresposta que avaliariam a aceitabilidade e preferências da população quanto aos formatos terapêuticos, bem como outras variáveis relevantes para os objetivos do estudo. Verificou-se que a maioria dos participantes preferiu o formato individual (90.2%), seguido de online (7.3%) e por último o formato grupal (2.4%). Os principais argumentos desfavoráveis ao formato grupal foram a falta de privacidade/confidencialidade e a dificuldade em expressar os problemas em público. Além disso, a amostra apresentou um nível moderado de aceitabilidade das intervenções grupais (M = 44.38, DP = 9.44). Por último, as variáveis género (β = .14, p < .05), Eficácia (β = .53, p < .001) e Propensão para a Procura de Ajuda (β = .22, p < .05) revelaram-se preditores da aceitabilidade das intervenções psicológicas em formato grupal nos adultos emergentes, responsáveis pela explicação de 62% da variância (R2 = .62, F(8, 93) = 19.09, p < .001).O presente estudo permitiu identificar que os adultos emergentes portugueses possuem baixa preferência e moderada aceitabilidade das intervenções psicológicas em formato grupal, ficando patente a necessidade de se desenvolver estratégias que permitam aumentar a aceitabilidade deste formato terapêutico (e.g., transmissão de informação precisa acerca da eficácia deste formato para diferentes perturbações ou populações, ou ainda promover e potenciar a procura de serviços de saúde mental). Considerando que o formato grupal se revela um formato custo-eficaz de intervenção psicológica, a promoção da aceitabilidade deste formato terapêutico poderá contribuir para aumentar a adesão ao mesmo, tornando-o como uma opção viável no contexto dos serviços de saúde mental.

The present study aimed to evaluate and characterize the therapeutic format preferences and the anticipatory acceptability of group psychological interventions of Portuguese emerging adults, as well as to explore the association with sociodemographic, clinical and attitudinal factors.This cross-sectional study included a sample of 149 emerging adults (18 to 29 years old), who responded to an online assessment protocol consisting of a set of self-report instruments that would evaluate the acceptability and preferences of the population regarding therapeutic formats, as well as other variables relevant to the objectives of the study.It was found that most participants preferred the individual format (90.2%), followed by online (7.3%) and finally the group format (2.4%). The main arguments against the group format were the lack of privacy/confidentiality and the difficulty in expressing problems in public. In addition, the sample showed a moderate level of acceptability of group interventions (M = 44.38, SD = 9.44). Finally, the variables Gender (β = .14, p < .05), Efficacy (β = .53, p < .001) and Help-Seeking Propensity (β = .22, p < .05) revealed to be predictors of acceptability of psychological interventions in group format in emerging adults, responsible for explaining 62% of the variance (R2 = .62, F(8, 93) = 19.09, p < .001).The present study identified that Portuguese emerging adults have low preference and moderate acceptability of psychological interventions in a group format, highlighting the need to develop strategies to increase the acceptability of this therapeutic format (e.g., transmission of accurate information about the efficacy of this format for different disorders or populations, or even to promote and enhance the demand for mental health services). Considering that the group format proves to be a cost-effective format for psychological intervention, promoting the acceptability of this therapeutic format could contribute to increase adherence, making it a viable option in the context of mental health services.