Uma revisão do tesouro monetário tardo-romano de Torre (Santa Maria de Émeres, Valpaços, Vila Real)

Abstract

The Torre hoard, discovered in 1985 in Santa Maria de Émeres, Valpaços, Vila Real, is one of the largest monetary deposits of Roman origin ever found in the Iberian Peninsula. Its content was dispersed shortly after the discovery, making a complete analysis impossible. The hoard is composed mostly of bronze pieces of small value, issued throughout the 4th century. The investigations carried out since the discovery have described 5,355 coins, from a total of up to 150 thousand coins in the original hoard, according to some authors.The present study, part of the Master's Degree in Archeology and Territory at the University of Coimbra, aimed at classifying and cataloging the Lote Alcoforado, a still unpublished set of 938 coins from the Torre hoard. In addition to describing the coins in this set, existing information on other sets from the same hoard was also consolidated, in order to allow a comparative analysis of the now 6,293 currently known pieces, based on features such as monetary type, issuing center, issue period and the depicted emperor .The Torre hoard was also compared with contemporary monetary deposits found in the region north of the Douro, such as the Chaira and Vila Marim hoards, selected for their similar features and significant volume of coins.The comparison of the different hoards led to the identification of convergences and discrepancies in their structures, showing the existence of a shared pattern of composition of the deposits, although with small differences between the sets and hoards that were studied. These conclusions contribute to the knowledge of monetary circulation in the Northern region of Portugal during the Roman Empire.

O tesouro de Torre, descoberto em 1985 em Santa Maria de Émeres (Valpaços, Vila Real), é um dos maiores depósitos monetários de origem romana já encontrados na Península Ibérica. Suas moedas foram dispersas logo após seu achamento, o que impossibilitou uma análise detalhada à época. Tratam-se, em sua maioria, de peças de bronze de pequeno valor, emitidas ao longo do século IV. As investigações realizadas desde o achamento haviam descrito um total de 5.355 moedas, de um conjunto que poderia ter chegado a contar, em sua origem, com até 150 mil unidades, conforme apontado por alguns autores.O presente estudo, realizado no âmbito de um Relatório de Estágio do Mestrado em Arqueologia e Território da Universidade de Coimbra, teve por objetivo a classificação e catalogação de um lote ainda inédito do tesouro de Torre, denominado Lote Alcoforado e integrado por 938 moedas. Além da descrição das unidades deste conjunto, foram também consolidadas as informações existentes sobre os outros lotes da mesma procedência, de forma a permitir uma análise comparativa das 6.293 peças atualmente conhecidas. Esta análise considerou as principais características das moedas, como os tipos monetários, os centros emissores, os períodos de emissão e os governantes representados nos numismas.Também foi feita uma análise comparativa do tesouro de Torre frente a outros depósitos contemporâneos encontrados na região a norte do Douro, como os tesouros de Chaira e de Vila Marim, escolhidos por apresentarem atributos semelhantes e volume significativo de exemplares.Ao comparar os diferentes achados monetários, o trabalho permitiu a identificação das convergências e discrepâncias em suas estruturas, evidenciando a existência de um padrão de composição dos depósitos com características comuns, embora com pequenas diferenças entre os lotes e tesouros estudados. Com isso, buscou-se ampliar o conhecimento existente sobre os depósitos e sobre a circulação monetária na região Norte de Portugal durante o período tardo-romano.