Análise do dimorfismo sexual no úmero proximal com recurso a técnicas de geometria morfométrica e radiografias.

Abstract

A identificação de restos esqueléticos é um dos principais componentes da antropologia forense, sendo a estimativa do perfil biológico um dos aspetos mais importantes desta área. Dentro dos parâmetros do perfil biológico, a estimativa sexual apresenta-se essencial, uma vez que diversos métodos para a estimativa de outros parâmetros depende dele. A estimativa do sexo utiliza os diferentes traços sexualmente dimórficos para avaliar a que sexo um indivíduo não identificado pertence. Nesta análise pode ser estudada tanto a forma, como o tamanho do osso.A pélvis manteve-se o foco de investigações de dimorfismo sexual durante muitos anos, no entanto, recentemente, vários estudos têm identificado outros ossos, como os ossos longos, como sendo bons indicadores de dimorfismo sexual. O objetivo deste estudo é analisar de forma mais pormenorizada o dimorfismo sexual da epífise proximal do úmero na população portuguesa, com recurso à morfometria geométrica, possibilitando o desenvolvimento de um novo método de estimativa sexual.A amostra que foi utilizada neste estudo proveio da coleção de esqueletos identificados da Universidade de Coimbra (CEIUC), sendo composta por 118 indivíduos adultos, dos quais 62 são do sexo feminino e 56 do sexo masculino. As radiografias do úmero foram fotografadas e digitadas com 5 pontos anatómicos e foi, também, realizado um contorno da cabeça do úmero, definido com 20 pontos. Esta digitação foi efetuada através dos programas “tps” e a análise estatística foi efetuada através do programa MorphoJ. O método utilizado foi a morfometria geométrica, pois permite uma visualização e interpretação dos resultados mais fácil, devido à sua capacidade de produzir representações gráficas. Na análise dos pontos anatómicos, os resultados obtidos comprovam diferenças significativas entre ambos os sexos, tanto na forma, como no tamanho, no entanto, na análise das semilandmarks, apenas a forma demonstra diferenças significativas entre os sexos. Através da validação cruzada, apenas 63,56% dos indivíduos foram corretamente categorizados no estudo dos pontos anatómicos. Por outro lado, apenas 66,10% dos indivíduos foram corretamente categorizados no estudo das semilandmarks. Com recurso a estes resultados, não é possível estabelecer este método como sendo um bom método de estimativa sexual de indivíduos não identificados.

The identification of skeletal remains is one of the main components of forensic anthropology, with the estimation of the biological profile being one of the most important aspects of this area. Within the parameters of the biological profile, sex estimation is essential, since several methods for estimating other parameters depend on it. Sex estimation uses the various sexually dimorphic traits to assess to which sex an unidentified individual belongs. In this analysis both shape and size can be studied. The pelvis has remained the focus of sexual dimorphism investigations for many years, however recently several studies have identified other bones, such as long bones, as good indicators of sexual dimorphism. The aim of this study is to study the sexual dimorphism of the proximal epiphysis of the humerus in the Portuguese population, using geometric morphometry, enabling the development of a new method for sex estimation.The sample that was used in this study came from the collection of identified skeletons from the University of Coimbra (CEIUC), and was composed of 118 adult individuals, of which 62 were female and 56 were male. Humeral radiographs were photographed and typed with 5 anatomical points, and a contour of the humeral head was also made, defined with 20 points. This typing was done using tps programs and the statistical analysis was done using the MorphoJ program. The method used was geometric morphometry, because it allows an easier visualization and interpretation of the results, due to its ability to produce graphical representations. The results obtained show significant differences between both genders, both in shape and size, in the analysis of anatomical landmarks, however, in the analysis of semilandmarks, only the shape shows significant differences between genders. Through cross-validation, only 63.56% of individuals were correctly categorized in the study of anatomical points. On the other hand, only 66.10% of the individuals were correctly categorized in the study of the semilandmarks. Using these results, it is not possible to establish this method as a good method for sex estimation of unidentified individuals.