O Impacto das Normas de Comercialização no Desperdício Alimentar

Abstract

Globalmente, um terço dos alimentos produzidos para consumo humano é desperdiçado a cada ano. Um dos motivos que contribui para o desperdício alimentar é a rejeição de alimentos subótimos, também designados por “alimentos feios”. Trata-se de alimentos que não são visualmente apelativos e não cumprem as normas de comercialização, por exemplo, ao nível de cor, tamanho ou calibre. As frutas e os vegetais que não cumprem os requisitos exigidos, acabam por ser descartados ao longo da cadeia de abastecimento. A quantidade de frutos e vegetais que não chegam às prateleiras das grandes superfícies devido a defeitos físicos ou estéticos podem variar entre 3% a 30%, dependendo do tipo de produto.Deste modo, o principal objetivo deste estudo é compreender o impacto que as normas de comercialização, impostas a frutas e vegetais, têm na geração de desperdício alimentar, bem como perceber a sua natureza e especificidades, do ponto de vista do produtor. De acordo com a Comissão Europeia as normas de comercialização, são “um conjunto de regras cujo objetivo é garantir que o mercado único seja abastecido com produtos agrícolas de qualidade normalizada que atendam às expectativas dos consumidores”. Para além das normas públicas especificas aplicadas a 10 alimentos, existem ainda as normas privadas, definidas pelas várias partes interessadas que atuam em toda a cadeia, e que são consideradas como um extra às normas públicas, sendo aplicadas em simultâneo destas.Através da revisão da literatura e de entrevistas a stakeholders foram identificados os mecanismos para lidar com o desperdício e formas de valorização dos alimentos excluídos por incumprimento de normas, sendo percetível que a exigência não vem somente de consumidor e varia consoante a finalidade do produto. Com base neste estudo, foram sugeridas 6 recomendações aos produtores para reduzir o desperdício resultante da aplicação das normas e são apresentadas medidas para evitar o desperdício e valorizar os produtos.

Globally, one third of food produced for human consumption is wasted every year. One of the contributing factors to food waste is the rejection of sub-optimal or "ugly" food. These are foods that do not meet marketing standards in terms of visual appeal, such as colour, size, or shape. Fruits and vegetables that do not meet these standards are often discarded throughout the supply chain. The percentage of fruits and vegetables that do not reach supermarket shelves due to physical or aesthetic defects can range from 3% to 30% depending on the product.Therefore, the primary objective of this study is to understand the impact of marketing standards imposed on fruits and vegetables on food waste generation, as well as to comprehend the nature and specificities of this issue from the perspective of producers. The European Commission defines marketing standards as "a set of rules aimed at ensuring that the single market is supplied with standardized agricultural products of quality that meet consumers' expectations." In addition to the public standards that apply to ten specific food items, there are also private standards set by various stakeholders operating throughout the supply chain, which are considered as additional requirements alongside the public standards.Through the literature review and interviews with stakeholders, the mechanisms to deal with waste and ways to add value to food excluded due to non-compliance with standards were identified, and the demand is not only from the consumer and varies according to the purpose of the product. Based on this study, six recommendations were suggested to producers to reduce waste resulting from the application of standards and measures are presented to avoid waste and add value to products.