Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/105174
Title: A (in)sustentável(?) leveza dos direitos sociais
Authors: Góes, Winnicius Pereira de
Orientador: Martins, Licínio Lopes
Keywords: escassez; sustentabilidade; realidade; contratualização; solidariedade e reciprocidade; scarcity; sustainability; reality; contractualization; solidarity and reciprocity
Issue Date: 18-Jan-2023
Abstract: O trabalho aborda a conflitante relação entre a escassez de recursos públicos e a realização material dos direitos sociais por meio de políticas públicas. A partir disso, é exposta a influência das crises sobre o modo de atuar da administração pública e o impacto do desenvolvimento de metodologias de organização privadas sobre o modo de o Estado enfrentar as crises e a escassez durante os períodos em que prevaleceram os modelos de Estado Liberal, de Bem-estar Social e Neoliberal, associando cada período com os modelos de administração-produção taylorista, fordista e toyotista. O trabalho aponta a importância entre a combinação dos princípios da sustentabilidade e da primazia da realidade social para afastar do âmbito administrativo público a ideia de que a superação das crises e dos efeitos perversos da competição atrativista entre Estados, característica dos tempos de globalização, somente poderá ser alcançada por meio da implementação de políticas de austeridade. Defende-se a dignidade constitucional dos princípios da sustentabilidade e da primazia da realidade social e o seu equilíbrio com outros princípios constitucionais voltados à edificação de um modelo de Estado marcado pela materialização dos direitos sociais. E sobre estas bases defende-se uma perspectiva administrativa pública que privilegie a maior participação social na realização de seus interesses, mediante o compartilhamento de responsabilidades decisórias e executórias de serviços públicos não exclusivos de Estado com privados, servindo a contratualização de políticas públicas sociais como instrumento de formalização de uma administração mais flexível e adaptável à demanda que se apresenta em cada fase de desenvolvimento, marcada pela ativação social fomentadora, que conta com a onipresença estatal de garantia, regulatória e fiscalizatória. É evidenciado que o compartilhamento de responsabilidades com privados apoia-se em avaliações perpetradas com a participação efetiva dos cidadãos, identificando as necessidades sociais, fornecendo os critérios de contratação e de readequação contratual no curso de sua execução, inclusive no que diz respeito ao reequilíbrio econômico-financeiro, pontos que instrumentalizarão sustentavelmente o planejamento público e o contrato, tornando-o mais transparente, dotado de informações precisas a serem postas ao público, facilitando, por esta via, o controle interno e externo da despesas públicas inseridas na racionalização orçamentária e aplicativa dos recursos públicos utilizados para os fins detectados. Nesse sentido, expõe-se que as contratualizações, em contribuição à edificação de uma perspectiva administrativa mais humana, devem ser pautadas, nos limites da publicização, em princípios constitucionais e administrativos característicos do direito público, que tem por finalidade a construção de um ambiente de boa governança e confiabilidade nas ações público-privadas, o que passa pela instrução da contabilização adequada das despesas públicas, expositora da realidade estatal, para que assim se possa oferecer à população um melhor entendimento quanto as decisões públicas e, assim, atrair a confiança para o espaço político. Procurou-se demonstrar que em tempos de crise, superar a (in)sustentável leveza dos diretos sociais depende da combinação de fatores jurídicos, políticos, institucionais e mercadológicos, e desta combinação equilibrada sé edificado o Estado de Solidariedade e de Reciprocidade Social e instituída uma administração menos egoísta, mais constitucionalmente cooperativa e preocupada com a figura do outro.
The work addresses the conflicting relationship between the scarcity of public resources and the material realization of social rights through public policies. From this, the influence of crises on the way in which the Public Administration works and the impact of the development of private organizational methodologies on the way in which the State faces crises and scarcity during periods in which State models prevailed is exposed. Liberal, Social Welfare and Neoliberal, associating each period with Taylorist, Fordist and Toyotist administration-production models. The work highlights the importance of combining the principles of sustainability and the primacy of social reality to remove from the public administrative sphere the idea that overcoming crises and the perverse effects of attractive competition between States, characteristic of times of globalization, can only be achieved through the implementation of austerity policies. It defends the constitutional dignity of the principles of sustainability and the primacy of social reality and its balance with other constitutional principles aimed at building a State model marked by the materialization of social rights. And on these bases, a public administrative perspective is defended that favors greater social participation in the realization of their interests, through the sharing of decision-making and execution responsibilities of non-exclusive public services of the State with private ones, serving the contractualization of social public policies as an instrument of formalizing a more flexible administration that is adaptable to the demand that presents itself in each stage of development, marked by fostering social activation, which counts on the omnipresence of state guarantees, regulations and inspections. It is evident that the sharing of responsibilities with private parties is supported by assessments carried out with the effective participation of citizens, identifying social needs, providing the criteria for hiring and contractual adjustment in the course of its execution, including with regard to economic rebalancing -financial, points that will sustainably implement public planning and the contract, making it more transparent, endowed with accurate information to be made available to the public, thus facilitating the internal and external control of public expenditure inserted in the budget and application rationalization of public resources used for the identified purposes. In this sense, it is exposed that the contractualizations, in contributing to the building of a more human administrative perspective, should be guided, within the limits of publicity, on constitutional and administrative principles characteristic of public law, which aims to build an environment of good governance and reliability in public-private actions, which involves the instruction of proper accounting of public expenditures, exhibiting the state reality, so that the population can be offered a better understanding of public decisions and, thus, attract trust for the political space. We sought to demonstrate that in times of crisis, overcoming the (un)sustainable lightness of social rights depends on a combination of legal, political, institutional and market factors, and from this balanced combination the State of Solidarity and Social Reciprocity is built and a administration less selfish, more constitutionally cooperative and concerned with the figure of the other.
Description: Tese de Doutoramento em Direito, ramo do Direito Público, apresentada à Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/105174
Rights: openAccess
Appears in Collections:UC - Teses de Doutoramento
FDUC- Teses de Doutoramento

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