Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/105172
Title: O olho do ser: Animalidade e expressividade em Hans Jonas
Authors: Vasconcelos, Thiago Vinicius Rodrigues de
Orientador: Sá, Alexandre Guilherme Barroso Matos Franco de
Oliveira, Jelson
Keywords: Animalidade; Expressividade; Hans Jonas
Issue Date: 19-Sep-2022
Place of publication or event: Coimbra
Abstract: Esta pesquisa tem como objetivo central analisar o estatuto ontológico da animalidade na filosofia da vida de Hans Jonas, tendo como pano de fundo os temas da visão e da expressividade animal. Com isso, busca-se evidenciar a importância que a reflexão filosófica de Hans Jonas ocupa, não apenas no âmbito da fenomenologia da vida e no horizonte dos desafios éticos da civilização tecnológica, mas, também, na análise filosófica da vida animal. Para tanto, procura-se demonstrar que, para sua análise, embora recuse o objetivismo materialista, Hans Jonas não rejeita os pressupostos da ciência, especialmente as teses da biologia de Darwin, que servem de ferramentas úteis à sua investigação e às quais é adicionado um fundamento filosófico. Dessa forma, neste trabalho, parte-se da tentativa de alocar a questão animal no centro do discurso filosófico, a fim de questionar as pretensões da filosofia tradicional de excluir os animais da posição de sujeito questionador ao aprisioná-los na condição de objeto visto/observado no horizonte da pergunta filosófica, mas que, em contrapartida, jamais vê/observa e, consequentemente, jamais formula questões. No contexto dessa análise, busca-se colocar em diálogo dois filósofos centrais para a discussão contemporânea sobre a animalidade, a saber, Heidegger e Derrida. Em segundo lugar, busca-se analisar a filosofia da vida proposta por Hans Jonas e demonstrar de que forma ela se apresenta como uma reflexão fenomenológica e ontológica que busca romper com a visão dualista e antropocêntrica, na medida em que recupera um monismo integral entre corpo e espírito, realocando o corpo no centro da discussão filosófica e acentuando as continuidades entre todas as formas de vida. Por fim, busca-se analisar de que maneira a filosofia da vida de Hans Jonas contribui para as investigações sobre a animalidade, na medida em que tal questão não é secundária, mas central, no âmbito de sua proposta filosófica. Desse modo, trata-se de demonstrar, como Hans Jonas mesmo destaca, que a problemática da continuidade e descontinuidade da vida entre animais humanos e não humanos é um dos temas constitutivos de seu empreendimento, cujo objetivo é a reinterpretação do fenômeno vital em seu conjunto. Além disso, na última parte do trabalho, pretende-se demostrar a importância do antropomorfismo crítico para a compreensão dos animais bem como o papel que a reversibilidade da visão, a expressividade e as emoções desempenham na construção de uma filosofia da vida animal. Ao afirmar que mesmo em suas formas elementares o orgânico prefigura o espiritual e, igualmente, que mesmo nas suas formas mais elevadas o espiritual se mantém como parte do orgânico, Hans Jonas se distancia da postura filosófica que posiciona o ser humano em um lugar de privilégio face aos outros viventes. A expressividade que aparece no ser humano na forma da linguagem abstrata, do pensamento racional e da criação estética só pode ser herdeira da expressividade animal, que ao desprender-se do solo do mundo abriu os olhos para vê-lo e se expor dentro dele para ser visto.
The main objective of this research is to analyze the ontological status of animality in Hans Jonas' philosophy of life having the themes of vision and animal expressiveness as a backdrop. In this way, this research aims to highlight the importance that Hans Jonas' philosophical reflection occupies not only in the scope of the phenomenology of life and in the horizon of ethical challenges of technological civilization, but also the philosophical analysis of animal life. Therefore, it intends to demonstrate that, for his analysis, although he refuses materialist objectivism, Hans Jonas does not reject the presuppositions of science, mainly, Darwin's biology theses which serve as useful tools for his investigation and to which a philosophical foundation is added. Thus, in this research, the starting point is the attempt to place the animal issue at the center of the philosophical discourse to question the claims of the traditional philosophy of excluding animals from the position of questioning subject by imprisoning them in the condition of seen/observed objects in the horizon philosophical inquiry, but which, on the other hand, never see/observe and consequently, never pose questions. In the context of this analysis, it plans to bring into dialogue two major philosophers on the contemporary debate on animality, namely, Heidegger and Derrida. Second of all, it intends to analyze the philosophy of life proposed by Hans Jonas and how it presents itself as a phenomenological and ontological reflection that objects to break up with the dualistic and anthropocentric view as it recovers an integral monism between body and spirit, repositioning the body at the center of the philosophical discussion and highlighting the continuities between all forms of life. Finally, it objects to analyze in what manner Hans Jonas’ philosophy of life contributes to researches about animality as this question is not secondary, but central in the scope of his philosophical proposition. In this manner, concerns demonstrating, how Hans Jonas himself emphasizes, that the problem of continuity and discontinuity of life between human and nonhuman animals is one of the constitutive themes of his project, which goal is the reinterpretation of the life phenomenon as a whole. In addition, in the last part of the research intends to demonstrate both the importance of the critical anthropomorphism to the comprehension of animals and the role that vision reversibility, expressiveness and the emotions play in the construction of a philosophy of animal life. By stating that even in its elementary forms the organic prefigures the spiritual and, equally, that even in its highest forms the spiritual remains as part of the organic, Hans Jonas distances himself from the philosophical posture that places the human being in a place of privilege before other living beings. The expressiveness that appears in human being in the form of abstract language, rational thought and aesthetic creation can only be a successor to the animal expressiveness, which, by detaching itself from the soil of the world, opened its eyes to see that world and to expose itself within that world to be seen.
L’objectif principal de cette recherche est d’analyser le statut ontologique de l’animalité dans la philosophie de la vie de Hans Jonas avec pour toile de fond les thèmes de la vision et de l’expressivité animale. Ainsi, on s’attache à mettre en évidence l’importance qu’occupe la réflexion philosophique de Hans Jonas non seulement dans le cadre de la phénoménologie de la vie et dans le contexte des défis éthiques de la civilisation technologique, mais aussi dans l’analyse philosophique de la vie animale. À cet effet, on cherche à démontrer que, pour son analyse, bien que refusant l’objectivisme matérialiste, Hans Jonas ne rejette pas les présupposés de la science, en particulier les thèses de la biologie de Darwin, qui servent d’outils utiles à son investigation et auxquelles un fondement philosophique est ajouté. De cette façon, dans ce travail, on part de la tentative de placer la question animale au centre du discours philosophique, afin d’interroger les prétentions de la philosophie traditionnelle à exclure l’animal de la position de sujet qui pose des questions en l’emprisonnant dans la condition d’objet vu/observé dans le contexte de la question philosophique, mais qui en revanche ne voit/observe jamais et, par conséquent, ne pose jamais de questions. Dans le cadre de cette analyse, on cherche à faire dialoguer deux philosophes centraux de la discussion contemporaine sur l’animalité, à savoir Heidegger et Derrida. Dans un deuxième temps, il est question d’analyser la philosophie de la vie proposée par Hans Jonas et de démontrer comment elle se présente en tant que réflexion phénoménologique et ontologique qui cherche à rompre avec la vision dualiste et anthropocentrique, dans la mesure où elle récupère un monisme intégral entre corps et esprit, replaçant le corps au centre de la discussion philosophique et mettant l’accent sur les continuités entre toutes les formes de vie. Enfin, on cherche à analyser comment la philosophie de la vie de Hans Jonas contribue aux investigations sur l’animalité, dans la mesure où une telle question n’est pas secondaire, mais centrale dans le cadre de sa proposition philosophique. Ainsi, il s’agit de démontrer, comme le souligne Hans Jonas lui-même, que la problématique de la continuité et de la discontinuité de la vie entre les animaux humains et non humains est l’un des thèmes constitutifs de son entreprise, dont l’objectif est la réinterprétation du phénomène vital dans son ensemble. De plus, dans la dernière partie de ce travail, il est question de démontrer l’importance de l’anthropomorphisme critique dans la compréhension des animaux ainsi que le rôle que la réversibilité de la vision, l’expressivité et les émotions jouent dans la construction d’une philosophie de la vie animale. En affirmant que même dans ses formes élémentaires l’organique préfigure le spirituel et, également, que même dans ses formes les plus élevées le spirituel reste partie de l’organique, Hans Jonas s’éloigne de la posture philosophique qui positionne l’être humain à une place de privilège vis-à-vis des autres êtres vivants. L’expressivité qui apparait chez l’être humain sous la forme du langage abstrait, de la pensée rationnelle et de la création esthétique ne peut être qu’héritière de l’expressivité animale, qui, en se détachant du sol du monde, a ouvert les yeux pour le voir et s’y exposer pour être vue.
Description: Tese de Doutoramento em Filosofia, apresentada ao Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/105172
Rights: openAccess
Appears in Collections:UC - Teses de Doutoramento
FLUC Secção de Filosofia - Teses de Doutoramento

Show full item record

Page view(s)

186
checked on Apr 16, 2024

Download(s)

210
checked on Apr 16, 2024

Google ScholarTM

Check


Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.