Avaliação da Regulação Emocional, Alexitimia e Consciência Interoceptiva em Doentes com Disfunção Temporomandibular Crónica

Abstract

Introdução: A dor crónica musculoesquelética tem sido objeto de estudos que sugerem a existência de fatores psicológicos de risco, nomeadamente a alexitimia; processos de desregulação emocional; transtornos de atenção. Também a associação entre a dor crónica de disfunções temporomandibulares e fatores psicológicos como depressão, ansiedade e stress tem sido alvo de estudos que apresentam correlação significativa. No entanto, o impacto de processos psicoemocionais como a desregulação emocional, a alexitimia e a consciência interoceptiva em doentes com dor crónica de disfunção temporomandibular foi pouco explorado, sendo que este trabalho tem como objetivo acrescentar conhecimento nesta área. Materiais e Métodos: O estudo caso-controlo (21 indivíduos no grupo de estudo – com disfunção temporomandibular, incluindo queixas dolorosas de duração superior a 3 meses – e 18 no grupo controlo – sem sinais e sintomas de disfunção temporomandibular ou histórico de dor crónica) investigou: a associação da regulação emocional, alexitimia e consciência interoceptiva com as disfunções temporomandibulares; a correlação entre os sinais e sintomas das disfunções temporomandibulares com estes processos emocionais. O diagnóstico utilizou o Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders e três questionários para avaliar os construtos psicológicos: Difficulties in Emotion Regulation Scale, Toronto Alexythimia Scale e Multidimensional Assessment of Interoceptive Awareness. Resultados: A alexitimia, regulação emocional e consciência interoceptiva não foram previsores significativos para o desenvolvimento de disfunções temporomandibulares. Também não se verificou correlação entre os processos psicológicos e os sintomas avaliados (intensidade de dor e limitação funcional). Apesar de não haver diferença entre os grupos, o grupo de estudo apresentou pontuações mais elevadas em todos os construtos avaliados. Além disso, indivíduos com diagnóstico de disfunções dos músculos mastigatórios apresentam tendência de maiores alterações nos construtos psicológicos estudados quando comparados com doentes com disfunção temporomandibular intra-articular. Conclusão: Estes resultados devem ser interpretados tendo em consideração as limitações do estudo, tais como a amostra reduzida, o que pode estar relacionado com erros estatísticos do tipo II.

Introduction: Studies suggest that there are psychological risk factors to musculoskeletal chronic pain, in particular alexithymia; emotional deregulation processes; attention disorders. Also, the association between chronic pain of temporomandibular disorders and psychological factors as depression, anxiety and stress has been the target of studies that show significant correlation. Despite this, the impact of psychoemotional processes like emotional deregulation, alexithymia and interoceptive awareness in patients wtih chronic pain of temporomandibular disorders has not been thoroughly explored. Therefore, the goal of this study is to add knowledge in this area. Methods: The case control study (21 individuals in the study group – with temporomandibular disorder, including pain complaints lasting over 3 months – and 18 individuals in the control group – without signs and symptoms of temporomandibular disorder or history of chronic pain) investigated: the association of emotional regulation, alexithymia and interoceptive awareness with temporomandibular disorders; the correlation between the signs and symptoms of temporomandibular disorders and these emotional processes. The diagnosis utilized the Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders and three questionnaires that evaluated the psychological constructs: Difficulties in Emotion Regulation Scale, Toronto Alexythimia Scale e Multidimensional Assessment of Interoceptive Awareness. Results: Alexithymia, emotional regulation and interoceptive awareness were not significant predictors to the development of chronic pain in temporomandibular disorders. A correlation between the psychological processes and the evaluated symptons (pain intensity and functional limitation) was also not verified. Despite there being no difference between the groups, the study group showed bigger scores in every evaluated construct. Moreover, individuals diagnosed with masticatory muscles disorders show a tendency of having bigger changes in the studied psychological constructs when compared to intra-articular temporomandibular disorders. Conclusion: These results should be interpreted considering the study limitations, for example, the small sample size, which can lead to type II statistical errors.