A relação entre a disfunção temporomandibular e a má oclusão em doentes portadores de fenda lábio palatina

Abstract

Introdução: A fenda lábio-palatina (FLP) é a malformação anatómica congénita mais comum da região craniofacial. As características clínicas desta patologia podem levar ao desenvolvimento de más oclusões, como a mordida cruzada posterior. A presença da mordida cruzada posterior pode originar assimetrias musculares que podem promover alterações morfológicas nos côndilos mandibulares. O objetivo deste estudo foi verificar as alterações de posição e angulação do côndilo mandibular após a expansão maxilar. Como objetivo secundário, foi avaliada a movimentação oclusal através de scan intraoral.Métodos: Foram selecionados vinte e cinco indivíduos portadores de FLP que realizaram expansão maxilar. As alterações condilares foram avaliadas através da tomografia computorizada de feixe cónico recorrendo à fórmula de Pullinger&Hollender. Para determinar as diferenças estatisticamente significativas entre as variáveis foi realizado o teste t-Student em conjunto com o método de correção para comparações múltiplas de Benjamini-Hochberg. A concordância entre os dois momentos foi feita através da utilização do coeficiente iota. A avaliação das arcadas dentárias foi realizada através do scan intraoral CS 3600 antes e após a expansão maxilar.Resultados: Não houve diferenças estatisticamente significativas entre a angulação e a posição condilar antes e após a expansão maxilar. A distância intercondilar apresenta uma tendência para aumentar em indivíduos portadores de FLP em crescimento após a expansão maxilar. A concordância entre os dois momentos é elevada. A análise das arcadas mostra uma movimentação vestíbulo-lingual maior ao nível dos caninos maxilares principalmente em indivíduos portadores de FLP bilateral.Discussão: A avaliação da posição e angulação condilar através da tomografia computorizada de feixe cónico apresenta-se como um método fiável e reprodutível nos três planos do espaço. A avaliação do scan demonstrou uma maior expansão na região anterior do que em posterior, o que permitiu corrigir a constrição transversal provocada pelas cirurgias anteriores. A simetria obtida entre as arcadas dentárias poderá contribuir para uma função muscular mais fisiológica.Conclusão: A distância intercondilar mostra uma tendência para aumentar após a expansão, independentemente do tipo de FLP. A posição condilar em relação à fossa mandibular não apresenta alterações significativas. A angulação e a posição condilar não sofreram alterações com as mudanças na oclusão resultantes da expansão maxilar.

Introduction: Cleft lip and palate (CLP) is the most common congenital anatomical malformation of the craniofacial region. The clinical features of this pathology can lead to the development of malocclusions such as posterior crossbite. The presence of posterior crossbite can lead to muscle asymmetries that can promote morphological changes in the mandibular condyles. The aim of this study was to verify changes in the position and angulation of the mandibular condyle after maxillary expansion. As a secondary objective, the evaluation of occlusal movement was performed using an intraoral scanner.Methods: Twenty-five individuals with CLP who underwent maxillary expansion were selected. Condylar alterations were evaluated by cone beam computed tomography using the Pullinger&Hollender formula. To determine the statistically significant differences between the variables, the Student t-test was performed together with the Benjamini-Hochberg correction method for multiple comparisons. The agreement between the two moments was done using the iota coefficient. The evaluation of the arches was performed using the CS 3600 intraoral scanner before and after maxillary expansion.Results: There were no statistically significant differences between angulation and condylar position before and after maxillary expansion. The intercondylar distance tends to increase in individuals with growing FLP after maxillary expansion. The agreement between the two moments was high. The analysis of the arches showed a greater buccolingual movement at the level of the maxillary canines, especially in individuals with bilateral CLP.Discussion: The assessment of condylar position and angulation using cone beam computed tomography is a reliable and reproducible method in the three planes of space. The scanner evaluation showed greater expansion in the anterior region than in the posterior region, which allowed for the correction of the transverse constriction caused by previous surgeries. The symmetry obtained between the dental arches may contribute to a more physiological muscle function.Conclusion: Intercondylar distance shows a tendency to increase after expansion regardless of FLP type. The condylar position in relation to the mandibular fossa not showed significant alterations. No differences have found in angulation and condylar position with the changes in occlusion resulting from maxillary expansion.