O impacto psicológico da exposição à violência interparental: um estudo qualitativo com crianças e adolescentes acompanhados no âmbito dos processos de promoção e proteção

Abstract

The psychological impact of exposure to interparental violence: a study of children and adolescents monitored within the scope of promotion and protection processes. Whereas interparental conflict has a strong impact on development and adaptation, this study was developed with the aim of analyzing the possible consequences of exposure of children and adolescents to violence between their parents and/or caregivers, with the particularity of those who have never been the target of direct abuse. For this, the qualitative method was used, through a study of four cases, three children and one adolescent with open processes in the Committee for the Protection of Children and Young people of Cinfães, aged between eight and fifteen years. It was considered relevant the use of self-responsibility instruments to obtain the data, among which the STAIC-c2 (State Anxiety Questionnaire/ Trait for Children), the CDI (Children’s Depression Inventory), the PHCSCS (Piers-Harris Self-concept Scale) (Personality Questionnaire for Children and Adolescents) and the EPCCI-C (Child Perception Scale on Interparental Conflicts) also made an analysis of the content of the promotion and protection processes. The data collected showed some of the effects described in the literature, and it is possible to conclude that the most evident consequences, transversal to all participants, are emotional instability, negative self-concept and anxious symptomatology. Some recommendations for future studies are also presented, namely research in the area through longitudinal studies.

O impacto psicológico da exposição à violência interparental: um estudo de casos de crianças e adolescentes acompanhados no âmbito dos processos de promoção e proteção. Considerando que o conflito interparental tem um forte impacto no desenvolvimento e ajustamento, desenvolveu-se o presente estudo com o objetivo de analisar as eventuais consequências da exposição de crianças e adolescentes à violência entre os seus progenitores e/ou cuidadores, com a particularidade daqueles nunca terem sido alvo de mau trato direto. Para tal, recorreu-se ao método qualitativo, através de um estudo de quatro casos, nomeadamente de três crianças e uma adolescente com processos abertos na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Cinfães, com idades compreendidas entre os oito e os quinze anos. Considerou-se pertinente a utilização de instrumentos de auto resposta para a obtenção dos dados, entre os quais o STAIC-c2 (Questionário de Ansiedade Estado / Traço para Crianças), o CDI (Inventário de Depressão para Crianças), o PHCSCS (Escala de Autoconceito de Piers-Harris), o EPQ-J (Questionário de Personalidade para Crianças e Adolescentes) e a EPCCI-C (Escala de Perceção da Criança sobre os Conflitos Interparentais), para além disso, fez-se também uma análise do conteúdo dos processos de promoção e proteção. Os dados recolhidos evidenciaram alguns dos efeitos descritos na literatura, sendo possível concluir que as consequências mais evidentes, transversais a todas as participantes, são a instabilidade emocional, o autoconceito negativo e a sintomatologia ansiosa. Apresentam-se ainda algumas recomendações para estudos futuras, nomeadamente a investigação na área através de estudos longitudinais.