Psicologia da Educação e Práticas Narrativas Apoio psicoeducativo a jovens e crianças vítimas de tráfico de seres humanos

Abstract

According to United Nations (UN) data, "human trafficking moves about €24 billion every year and victimizes more than 2.4 million people a year" (Redondo, 2017, p.29). Those experiencing psychiatric symptoms as a result of trafficking should have access to appropriate therapies. Not only to increase confidence, but also to make them feel welcomed and safe. To this end, and before therapists begin any meaningful treatment, it is necessary to understand what kind of treatment suits the needs of the patients, be they adults, children and/or youth. Not only is it important for practitioners to consider the characteristics of patients when working with victims of human trafficking, but they must also be aware of their own emotional and professional needs (Salami et al. 2018). Working, especially, with children and/or young victims of the crime of Human Trafficking, is to work with trauma, emotions, and needs.For this very reason, it is necessary to understand how Psychology can help vulnerable populations, who have experienced horrendous conditions, so that they can live their post-trafficking lives in a more stabilized way.Thus, following this line of research, this paper is a literature review, specifically with the purpose of analyzing existing responses in Portugal, such as the Reception and Protection Center for Children and Young Victims of Human Trafficking, and discussing the relevance of the use of appropriate methodologies for vulnerable populations with specificities such as this. The orientation assumed is based on Michael White's (2007) narrative therapy that informs about possible strategies to accomplish with this target audience. As a result of the review carried out, narrative practices are suggested as a support tool for Educational, Developmental and Counseling Psychology, in institutional shelter contexts and especially in the follow-up of young victims of Human Trafficking with trauma stories.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), “o tráfico de seres humanos movimenta todos os anos cerca de 24 mil milhões de euros e vitima mais de 2,4 milhões de pessoas por ano” (Redondo, 2017, p.29). Quem vivencia sintomas psiquiátricos como resultado do tráfico deverá ter acesso a terapias apropriadas. Não só para aumentar a confiança, como para que se sinta acolhido e em segurança. Para tal, e antes de os/as terapeutas iniciarem qualquer tratamento significativo, é necessário perceber que tipo de tratamento se adequa às necessidades dos/as pacientes, sejam eles/as adultos/as, crianças e/ou jovens. Não só é importante que os profissionais considerem as características dos pacientes ao trabalhar com vítimas de tráfico humano, como também devem estar cientes das suas próprias necessidades emocionais e profissionais. (Salami et al. 2018). Trabalhar, principalmente, com crianças e/ou jovens vítimas do crime do Tráfico de Seres Humanos, é trabalhar com traumas, emoções e necessidades. Por isso mesmo, é preciso compreender como a Psicologia pode ajudar populações vulneráveis, que passaram por condições horrendas, de forma a que consigam viver a sua vida pós-tráfico de modo mais estabilizado.Assim, seguindo esta linha de pesquisa, este trabalho trata-se de uma revisão da literatura, especificamente com o propósito da análise de respostas existentes em Portugal, como o Centro de Acolhimento e Proteção de Crianças e Jovens Vítimas de Tráfico de Seres Humanos, e da discussão da relevância do recurso a metodologias adequadas para populações vulneráveis e com especificidades como esta. A orientação assumida tem como base a terapia narrativa de Michael White (2007) que informa acerca de estratégias possíveis de concretizar com este público-alvo. Resulta da revisão efetuada a sugestão de práticas narrativas como ferramenta de apoio à Psicologia da Educação, Desenvolvimento e Aconselhamento, em contextos de acolhimento institucional e, especialmente, no acompanhamento de jovens vítimas de Tráfico de Seres Humanos com histórias de trauma.