A Representação de Imigrantes e Minorias Étnicas em Pandemia

Abstract

O ano de 2020 revelou-se desafiante para um mundo governado pela máquina da globalização. Um vírus que não conhece fronteiras invadiu países, casas, rotinas, primeiras páginas de jornais, aberturas de telejornais e ecrãs de telemóveis. Máscaras, álcool gel e distanciamento físico passaram a fazer parte do quotidiano. Os media tornaram-se um palco de primeira necessidade para agentes de saúde pública e os números de infetados e mortes foram a marca diária dos primeiros minutos dos discursos dos pivôs televisivos. No entanto, o universo mediático não se reduziu, ainda assim, à COVID-19. A questão da imigração tem sido uma constante na imprensa, pelo que, num momento marcado por uma crise sanitária, se revela um objeto de estudo sobremaneira importante de analisar. Aliás, o facto de ter sido um vírus cuja propagação teve origem em Wuhan, na China, fez regressar indubitavelmente ao debate público o tema da polarização do ‘Nós’ versus ‘Eles’.A presente investigação tem como objetivo primordial responder às questões: 1) como foram representados os imigrantes e minorias étnicas, durante o primeiro ano de pandemia, na imprensa semanal? e 2) qual a influência da pandemia na cobertura do tema?. Procuraram-se as respostas, através de uma análise de conteúdo quantitativa, com recurso à grelha de análise utilizada (devidamente adaptada) nos estudos de Cunha et al. (2004) para o Observatório da Imigração. Para o estudo, foram eleitos dois meios de comunicação social de âmbito nacional: o jornal Expresso e a revista Sábado. O corpus é constituído por 296 peças de teor informativo, bem como de caráter opinativo, recolhidas entre o dia 11 de março de 2020 a 11 de março de 2021. Assim, através do recurso ao software SPSS, foi possível uma análise estatística das variáveis definidas, bem como um cruzamento entre diversos parâmetros. Na nossa visão, confere uma maior riqueza à própria investigação, alargando e sustentando o âmbito das reflexões.

The year of 2020 turned out challenging to a world governed by globalization. A virus that knows no boarders invaded countries, houses, daily routines, newspapers, TV’s newscast, and mobile phones’ screens. Surgical masks, alcohol gel and social distancing became parts of our daily lives. Media became a stage for public health agents and the statistics of infected patients and deaths were the daily mark of the first minutes of the speeches of the news’ anchor. However, the news’ universe did not reduce itself only to COVID-19. The theme of immigration has been constantly present in press. Therefore, at a time of sanitary crisis, it becomes an extremely important object to analyse. Besides, the fact that it was a virus whose dissemination begun in Wuhan, China, brought back, with no doubt, the polarization of the ‘Us’ versus ‘Them’ to the public debate. The present investigation has as primordial goal to answer to the following questions: 1) how were the immigrants and ethnic minorities represented during the first year of the coronavirus in the weekly press?; 2) what was the role of the pandemic in the news coverage?. We sought to obtain answers through a quantitative content analysis, using the analysis grid (properly updated) of the Cunha et al. (2004) studies for the Immigration Observatory. For the research, two national media were chosen: the Expresso newspaper and the Sábado magazine. The corpus is constituted by 296 pieces of informative and opinion character, collected between March 11, 2020, and March 11, 2021. Therefore, using the SPSS software it was possible to make a statistical analysis of the defined variables, as well as crossing between different parameters. In our point of view, it enriches the investigation itself, expanding and sustaining the scope of reflections.