On the Question of Black Genocide.

Abstract

This dissertation aims to discuss how anti-Black violence should be understood as genocidal violence. Although apparently apolitical and uncontroversial, the hegemonic conception of genocide is decisively influenced by the Holocaust and the aftermath of World War II, which often becomes an impediment to think about the dynamics of violence inflicted on other ethnic groups. Within the field of Philosophy, Adorno's formulation of genocide circumscribes this expression of violence within the rationalist logic of the Enlightenment, where the extermination of pariahs becomes the only solution for a system seeking total homogenization. However, the specificity of the violence inflicted against black bodies, where exposure to death is always constant although not fully realized, challenges our understanding of genocide and what we understand as a livable life. Within this paradigm, through authors such as Frantz Fanon and Achille Mbembe, we will investigate the form of violence operating in the colonial world and its genocidal impulse. In order to reveal the persistence of such an impulse in contemporary societies, we will present an investigation of the current dynamics of Black suffering through the prism of afropessimism. From this line of inquiry, this study aims to describe the inhumane condition of Black lives and the dynamics of violence surrounding them to affirm Black genocide as the great expression of violence against Black subjects, which leads them to death or a life-in-death.

Esta dissertação tem como objetivo discutir como a violência contra negros deve ser compreendida como uma violência genocida. Apesar de aparentemente apolítica e incontroversa, a concepção hegemônica de genocídio está decisivamente influenciada pelo Holocausto e pela atmosfera política pós Segunda Guerra Mundial, o que frequentemente se torna um empecilho para pensar as dinâmicas de violência infligidas a outros grupos étnicos. No âmbito da Filosofia, a formulação de genocídio posta por Adorno circunscreve esta expressão de violência dentro da lógica da racionalidade Iluminista, onde o extermínio de párias se torna a única solução para um sistema que busca total homogenização. Entretanto, a especificidade da violência infligida a corpos negros, onde a exposição à morte é sempre constante embora não seja plenamente realizada, desafia nossa compreensão de genocídio e o que compreendemos como uma vida vivível. Dentro deste paradigma, à partir de autores como Frantz Fanon e Achille Mbembe, iremos investigar a violência presente no mundo colonial e seu impulso genocida. Com o objetivo de revelar a continuação de tal impulso nas sociedades conteporâneas, uma investigação sobre as atuais dinâminas do sofrimento negro será apresentada através do prisma do afropessimismo. À partir desta linha de investigação, nós traremos à tona a condição desumana das vidas negras e as dinâmicas de violência que as cercam para afirmar o genocídio negro como a grande expressão da violência contra negros, que leva tais indivíduos à morte ou à uma vida-na-morte.