Conhecimento dos utentes acerca da medicação: grupos farmacológicos de maior conhecimento e fatores que o influenciam

Abstract

Introduction: Patients’ knowledge about their chronic medication influences therapeutic adherence, and the lack of knowledge is one of the main factors that justifies therapeutic errors. Portuguese population’s low levels of knowledge and their low literacy seem to contribute to an increase of nonadherence to therapy as well as associated morbidity and mortality. This study aimed to assess the patients’ knowledge about their chronic medication to understand possible variables that influence it and establish which pharmacological categories have a greater and lesser degree of knowledge.Methods: Cross-sectional, observational study, with the contribution of 15 attending physicians from 12 Unidades de Saúde Familiar of the Autoridade Regional de Saúde of the central region. Participated patients were asked if they knew what each drug of their chronic medication was for (function) and for what disease was it prescribed. Subsequently, all patients’ responses were classified by the attending physician. The sample was characterized using One-way ANOVA, Pearson's correlation, multivariate analysis with GLM (General Linear Model) and linear regression tests, with a confidence interval of 95%(pvalue < 0,05).Results: An average of 231 questionnaires were collected. Higher levels of education, divorcedpatients, higher incomes and when the user himself buys and prepares his medication were associated with higher knowledge scores. Furthermore, age, number of chronic diseases and number of drugs that the patient takes were inversely correlated with knowledge. Only age, education level, number of chronic diseases and number of drugs that the user takes have explanatory power. There are also significant statistical differences between pharmacological classes and subclasses: was found higher levels of knowledge for analgesics, antipyretics and antidiabetics and lower knowledge scores for antianemics, drugs used in bone and calcium metabolism and in the treatment of gout, antiemetics and anti-vertigo as well as anticoagulants and antithrombotics.Conclusion: With this study we accomplish that Portugal’s central region populations’ knowledge about chronic medication is closer to what is considered correct knowledge, revealing good scores. Education level, marital status and patient’s income vary in direct proportion with knowledge, while age, number of chronic diseases and number of drugs that patient takes are inversely related with knowledge scores. Also, there are pharmacological classes with greater and lesser knowledge which may help, in the future, how to capacitate patients when those farmacological classes are prescribed.

Introdução: O conhecimento de um utente acerca da sua medicação crónica influencia a sua adesãoterapêutica, sendo a falta de conhecimento um dos principais fatores justificativos dos errosterapêuticos. Os baixos níveis de conhecimento da população portuguesa, verificados em estudosanteriores, associados à baixa literacia desta população parecem contribuir para um aumento da não adesão terapêutica assim como da morbimortalidade associada. Este estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento dos utentes acerca da sua medicação crónica, com vista a perceber as variáveis que o influenciam e estabelecer quais as categorias farmacológicas com maior e menor grau de conhecimento.Metodologia: Estudo transversal, observacional, com a colaboração a 15 médicos de família de 12Unidades de Saúde Familiar da Autoridade Regional de Saúde da região centro. Aos utentes participantes foi questionado se sabiam para que servia cada fármaco da sua medicação crónica(função) e se sabiam a que doença se dirigia. Posteriormente, as respostas recolhidas de cada utente foram classificadas pelo próprio médico assistente. A amostra foi analisada com recurso a testes Oneway ANOVA, correlação de Pearson, análise multivariada com GLM (General Linear Model) e regressão linear, com intervalo de confiança a 95% (pvalue < 0,05).Resultados: Obteve-se um total de 231 questionários. Maiores níveis de escolaridade, utentes divorciados, maiores rendimentos e quando é o próprio utente a comprar e a preparar a sua medicação associaram-se a maiores scores de conhecimento. Além disso, as variáveis idade, número de doenças crónicas na lista de problemas e número de fármacos que o utente toma correlacionam-se inversamente com os scores de conhecimento. Apenas a idade, escolaridade, número de doenças crónicas na lista de problemas e número de fármacos que o utente toma têm poder explicativo. Existiram, ainda, diferenças estatisticamente significativas entre classes e subclasses farmacológicas: verificou-se maiores níveis de conhecimento para analgésicos, antipiréticos e antidiabéticos e menores scores de conhecimento para antianémicos, fármacos utilizados no metabolismo do osso e do cálcio e no tratamento da gota, antieméticos e antivertiginosos assim como anticoagulantes e antitrombóticos.Conclusão: Este estudo demonstrou que o conhecimento acerca da medicação crónica da população da região centro de Portugal situa-se próximo do que é considerado como conhecimento correto, revelando bons scores. A escolaridade completa, estado civil, rendimentos do utente variam na razão direta do conhecimento, enquanto a idade, número de doenças crónicas na lista de problemas e número de fármacos que o utente toma relacionam-se inversamente com os scores de conhecimento. Constatou-se, ainda, existirem classes farmacológicas com maior e menor conhecimento, o que poderá ajudar na orientação futura da capacitação dos utentes quando essas classes farmacológicas são prescritas.