Impacto da vacinação contra a tosse convulsa na grávida na incidência de novos casos desta doença no primeiro ano de vida

Abstract

Introdução: A tosse convulsa (Tc) é uma doença infeciosa do trato respiratório inferior causada pela Bordetella pertussis que pode afetar pessoas de todas as idades, apesar de apresentar uma maior incidência e gravidade em crianças, especialmente, no primeiro ano de vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a doença com maior potencial de ser prevenida através da vacinação. O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto da vacinação contra a tosse convulsa durante a gravidez, na incidência da doença no primeiro ano de vida, no Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (HP- CHUC), após a sua introdução no programa nacional de vacinação (PNV).Materiais e Métodos: Foi realizada uma análise retrospetiva dos casos de Tc em lactentes sintomáticos com idade inferior ou igual a 12 meses e com identificação de Bordetella pertussis e parapertussis (Bp/Bpp) nas secreções nasofaríngeas no HP-CHUC, entre os anos de 2013 e 2020. Foram definidos 2 grupos: pré-vacinação da grávida (2013-16) e pós-vacinação da grávida (2017-2020). Foi comparada a incidência de novos casos de Tc. A análise estatística foi realizada através dos programas Excel versão 16.0 e SPSS versão versão 28.0.1.1.Resultados: Foram diagnosticados 54 casos de Tc, dos quais 37 lactentes abaixo dos 3 meses. Necessitaram de internamento 29 doentes. A maioria dos casos foi registada pré- introdução da vacinação na grávida (n=39, 72,2%). Não se verificaram diferenças significativas na percentagem de internamentos após implementação da vacina. Verificou-se uma diminuição progressiva, estatisticamente significativa, do número de casos positivos a partir de 2017. Houve aproximadamente 6 vezes maior probabilidade do resultado do teste para Tc ser negativo nos anos após a introdução da vacinação no PNV.Discussão: Verificou-se uma diminuição significativa do número de casos de Tc em lactentes no HP-CHUC, após a implementação da vacinação na grávida reforçando a efectividade desta estratégia vacinal.

Introduction: Whooping cough (Wc) is an infectious disease of the lower respiratory tract caused by Bordetella pertussis that can affect people of all ages, despite having a higher incidence and severity in children, especially in their first year of life. According to the World Health Organization (WHO), it is the disease with the greatest potential to be prevented through vaccination. The goal of this study is to evaluate the impact of Wc vaccination during pregnancy, on the incidence of the disease in the first year of life, at the Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (HP-CHUC), after its introduction into the national immunization program (NIP).Materials and Methods: A retrospective analysis of cases of Wc was performed in symptomatic infants with ages under than, or equal to, 12 months with identified Bordetella pertussis and parapertussis (Bp/Bpp) in nasopharyngeal secretions at HP-CHUC, between the years of 2013 and 2020. Two groups were defined: pre-vaccination of the pregnant woman (2013-16) and post-vaccination of the pregnant woman (2017-2020). The incidence of new cases of Wc was compared. Statistical analysis was performed using Excel version 16.0 and SPSS version 28.0.1.1.Results: 54 cases of Wc were diagnosed, in which 37 were in infants under 3 months of age. 29 patients required hospitalization. Most cases were recorded before the introduction of the vaccination in pregnant women (n=39, 72,2%). No significant differences in percentage of hospital admissions, before the introduction of the vaccine, were observed. There was a progressive, statistically significant decrease in positive cases from 2017 onwards. There was, approximately, a 6 times greater probability of the test result for Wc being negative in the years after the introduction of vaccination in the NIP.Discussion: There was a significant decrease in the number of Wc cases in infants at HP-CHUC, after the implementation of vaccination in pregnant women, reinforcing the effectiveness of this vaccination strategy.