Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/94062
Title: Butô-Instalação: Ancestralidade no Saber da Psykhé
Authors: Sousa, André Feitosa de
Orientador: Ferro, Maria Jorge Santos Almeida Rama
Castro, Cláudia Delane Silva de
Solari, Pablo Diego Mañé
Keywords: Butô-Instalação; Ankoku-Paisagem; Con(tra-)temporâneo em Arte; Arte dos Meios Longínquos; Numinoso
Issue Date: 11-Feb-2021
Place of publication or event: Coimbra
Abstract: Esse estudo é constituído de matéria poética coletiva, multifacetada e ancestrálica, se quisermos, seu corpo expositivo desprende-se no âmbito do mistérico ou do “mysterium tremendum”. Por um lado, é a construção autoral e poética, de um doutorando em Arte Contemporânea e artista vinculado à estética do Butô, que se reclina sobre uma prática recortada por dimensões simultaneamente biográficas e transgeracionais. Enquanto faceta evocativa de visualidades e de instalações artísticas, segundo uma trajetória epistêmico-laborial do contemporâneo nas artes, as manifestações aqui compartilhadas, ademais, interpelam o criador a partir de um modo de recepção autodidata que excede a dimensão objetiva da obra artística, uma vez que solicita acomodações nas potências ritualísticas dos antepassados invocados. Por outro lado, exatamente assim posicionado como reconhecimento sensível, o que se apresenta como uma feitura dessa gestação criativa, surge, não obstante, como interface de obrigações e reparações sobre feridas de um Imenso Longínquo. Diferentemente da miragem pessoal e das narrativas institucionais (também familiares), as tramas aqui se deslindam, como fratura ou trauma tácitas, uma fraude ou traição que convoca uma audácia pela invenção: mediações transliminares, por exemplo e sobrevivência, são formuladas para os expedientes litúrgicos da tradição – mais do que transdisciplinares e transcendentes, mais do que obediências e apenas vacâncias. O acontecimento-Eixo desse processo criativo valeu-se uma Árvore dita por Velha ou Antiga (uma Ameixoeira-de-jardim): então localizada no Claustro do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, a Árvore tornou-se fragmento de viagens e visitas, de outros deslocamentos na comunicação entre os mundos dos reais/das ontologias, uma Árvore, portanto, da Vida e da Morte, do Conhecimento e dos Antepassados, de Ligação e também de Mistério com Orixás pela diáspora afro-brasileira. Quanto se fez presente o processo de enlutamento da Avó na Árvore e, depois, o funeral presentificado da própria Avó-Árvore, nesse Butô lançado como incursão pelos mortos e os não-mortos, é preciso sublinhar que, tangente aos valores de subversão e ao anarquismo do artista, constata-se essa narrativa como assimétrica ou incomensurável, enquanto pactuação de um vivido inefável em capitulações estáticas no signo da palavra escrita. Essa é, sobretudo, uma travessia liminar pelo inatual, como um avesso na pretensão do atual, para um saber da psykhé junto ao trauma e à Morte. Realizadas no intervalo entre os anos acadêmicos de 2017 e de 2020, especialmente a partir da Universidade e da Cidade de Coimbra, as experimentações desse processo de criação-estudo extrapolaram uma “localização” meramente territorial e temporal, seja de Portugal e de Cascavel, no Ceará do Brasil, seja de um corpo em sua presente encarnação mistérica, para rascunhar outras ocupações e respectivas narrativas de espacialidade. Constituídas a partir das categorias do Numinoso e do Oráculo, implica-se, nesse documento de aspectação labiríntica e agônica, um modo de saber arcaico (ou das arkés), implicado nas jornadas e referentes da alma (ou da psykhé). O processo, finalmente, se situa como uma experimentação abismática de “Butô-Instalação” e sua ferramenta de “Ankoku-Paisagem”, segundo um procedimento de “des-uso” e uma contra-orientação do “Con(tra-)temporâneo em Arte”, no campo de uma “Arte dos Meios Longínquos”.
The study consists of collective, multifaceted and ancestral poetic materials, wherever its main body also dwells in the mystery or the ´mysterium tremendum´. On one hand, it is authorial and poetic construction of a Ph.D. candidate in Contemporary Art who is also an artist bounded to the aesthetics of Butoh, whose creative practice leans on simultaneously biographical and transgenerational dimensions. Evocative of artistic visualities and installations according to a laborial-epistemic trajectory of the contemporary in the arts, the shared artistic manifestations are here challenged by a mode of self-taught reception that exceeds the objective dimension of the artistic work, since it requires further accommodation in the ritualistic potency of the ancestors invoked. On the other hand, exactly positioned as sensorial recognition, what appears as the outcome of this creative gestation, emerge, nevertheless, as the interface of obligations and repairs on the wounds of an Immense plain of Longitude. Unlike personal mirage and institutional (also familiar) narratives, the interweaving here unfolds, as tacit fracture or trauma, a fraud or betrayal that calls for audacity of invention: transliminary mediations, for example and survival, are formulated for the liturgical expedients of tradition - more than transdisciplinary and transcendent, more than obedience and vacancies. The main event of this creative process was the use of an Old or Antique Tree (a Plum Tree): then located in the Cloister of the College of Arts of the University of Coimbra, as the Tree became a fragment of travel and visits, including other shifts in communication between the real/ontological worlds, a Tree, therefore, of Life and Death, of Knowledge and Ancestors, of Liaison and also of Mystery with the Orishas by the Afro-Brazilian Diaspora. As far as the grieving process of the Grandma in the Tree was made present and, later, the presentified funeral of the Grandmother-Tree itself, in that Butoh launched as an incursion by the dead and the undead, it must be emphasized that, tangent to the values of subversion and anarchism of the artist, it assembles this narrative as an asymmetrical or immeasurable, once taking into consideration the lived ineffable while reached in static capitulations in the sign of the written word. This is, above all, a liminal crossing through the inactual, as an opposite to the intention of the actual, for a wisdom of the psykhé along with trauma and Death. Held between the academic years of 2017 and 2020, especially from the University and the City of Coimbra, the experiments of this creation-study process exceeded a purely territorial and temporal ´location´, be it in Portugal or Cascavel, in the Ceará do Brazil, be it a body in its present mysterial incarnation, to sketch other occupations and respective narratives of spatiality. Constituted from the categories of Numinous and Oracle, in this document of labyrinthine and agonic aspects, an archaic (or arkés) way of knowing was implicated in the journeys and referents of the soul (or psykhé). The process, finally, stands as abysmal experimentation of ´Butoh-Instalation´ and its tool of an ´Ankoku-Landscape´, according to a procedure of ´dis-use´ and a counter-orientation of the “Co(u)nTe(r)mporary in Art´ , in the field of an ´Art of Longitude Media´.
Description: Tese de Doutoramento em Arte Contemporânea apresentada ao Colégio das Artes da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/94062
Rights: openAccess
Appears in Collections:UC - Teses de Doutoramento
Colégio das Artes - Teses de Doutoramento

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