Rastreio de potenciais interações planta-medicamento nos idosos: uma experiência na farmácia comunitária

Abstract

Com o aumento da popularidade do consumo de plantas medicinais que se tem verificado ao longo dos últimos anos, torna-se importante o entendimento das potenciais interações entre as plantas e os fármacos prescritos. As plantas medicinais, habitualmente consideradas pela população como fazendo parte de uma terapêutica natural e tradicionalmente segura, são amplamente utilizadas pelos portadores de doenças crónicas e em associações com diversos fármacos. Entretanto, apresentam potenciais interações com os medicamentos e, como tal, a sua utilização não deve ser indiscriminada. As plantas contêm diversos compostos biotivos e, como tal, podem interagir com os fármacos, aumentando ou diminuindo os seus efeitos e podendo, assim, comprometer as terapêuticas medicamentosas e colocar em risco a saúde dos usuários. A presença de potenciais interações entre as plantas medicinais e medicamentos ganha maior relevância no caso dos indivíduos polimedicados, onde a probabilidade de ocorrência de interações aumenta em larga escala, devido à presença de vários fármacos administrados em concomitância com as plantas. Este estudo objetivou caraterizar o perfil de utilização de plantas medicinais por indivíduos com mais de 65 anos, que façam terapêutica com antiagregantes plaquetários, anticoagulantes orais, antidiabéticos orais, antidislipidémcos ou anti-hipertensores, pesquisando-se as potenciais interações entre as plantas medicinais consumidas e a terapêutica medicamentosa instituída. Tal permitiu verificar a frequência de ocorrência de interações desta natureza na realidade populacional. Neste estudo pretendeu-se ainda avaliar o conhecimento dos indivíduos acerca do potencial das plantas medicinais para interagir com a medicação habitual e a partilha de informação acerca do consumo de fitoterápicos entre os indivíduos e os seus médicos. A coleta de dados para esta pesquisa foi realizada por meio de entrevistas, com aplicação de questionário contendo na sua maioria perguntas fechadas, referentes à caracterização pessoal, terapêutica medicamentosa instituída, situação patológica e sobre o uso de plantas medicinais. Foram entrevistados 50 indivíduos, na faixa etária de 66 a 86 anos, dos quais 56,0% do sexo masculino e 44,0% do sexo feminino. A fim de se conhecerem as potenciais interações entre as plantas e os fármacos em estudo, para análise dos resultados dos questionários, foi realizada uma avaliação da informação bibliográfica sobre interações constantes em livros e artigos pesquisados em várias fontes, com que se construi tabelas que serão disponibilizadas neste trabalho.

With the increase of the popularity of the consumption of medicinal plants that has been verified along the last years, it becomes important the understanding of the potential interactions between the plants and the drugs prescribed. Medicinal plants, usually considered by the population as being part of a natural therapeutics and traditionally safe, are widely used by patients with chronic diseases and in association with several drugs. However, they present potential interactions with drugs and, as such, its consumption doesn’t not have to be indiscriminate. The plants contain diverse bioactive compounds that can interact with the medication, increasing or decreasing its effects and being able to compromise conventional medication and put in risk the health of users. The presence of potential interactions between the herbal products and drugs earns greater relevance in the case of the poly medicated individuals, where the probability of occurrence of interactions increases on a large scale due to the presence of several medications administered in concomitantly with the plants. This study aimed to characterize the profile of herbal products consumption by individuals with more than 65 years, which are treated with antiplatelet agents, oral anticoagulants, antiabetics and antidislipidemic drugs. This allowed to verify the frequency of occurrence of interactions of this nature in the population reality.In this study it was still intended to evaluate the knowledge of the individuals concerning the potential of medicinal plants to interact with the conventional medication and the share of information concerning the consumption of herbal products between the individuals and its physicians. Data collection for this research was accomplished by means of interviews, with questionnaire application in its majority closed-ended questions referring to the personal characterization, medical therapeutics instituted, health situation and the concomitant consumption of herbal products. 50 individuals were interviewed, in age group of 66 to 86 years, of which 56,0 % male and 44,0 % female. In order to identify the potential interactions between the plants and the drugs in study, for analysis of the results obtained from these questionnaires, tables were prepared with bibliographical information about herb-drug interactions and will be provide with this work.