Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/87280
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dc.contributor.authorSantos, Boaventura de Sousa-
dc.date.accessioned2019-07-16T10:35:23Z-
dc.date.available2019-07-16T10:35:23Z-
dc.date.issued1988-
dc.identifier.issn0103-4014pt
dc.identifier.issn1806-9592pt
dc.identifier.urihttps://hdl.handle.net/10316/87280-
dc.description.abstractEstamos a doze anos do final do século XX. Vivemos num tempo atônito que ao debruçar-se sobre si próprio descobre que os seus pés são um cruzamento de sombras, sombras que vêm do passado que ora pensamos já não sermos, ora pensamos não termos ainda deixado de ser, sombras que vêm do futuro que ora pensamos já sermos, ora pensamos nunca virmos a ser. Quando, ao procurarmos analisar a situação presente das ciências no seu conjunto, olhamos para o passado a primeira imagem é talvez a de que os progressos científicos dos últimos trinta anos são de tal ordem dramáticos que os séculos que nos precederam — desde o século XVI, onde todos nós, cientistas modernos, nascemos, até ao próprio século XIX — não são mais que uma pré-história longínqua. Mas se fecharmos os olhos e os voltarmos a abrir, verificamos com surpresa que os grandes cientistas que estabeleceram e mapearam o campo teórico em que ainda hoje nos movemos viveram ou trabalharam entre o século XVIII e os primeiros vinte anos do século XX, de Adam Smith e Ricardo a Lavoisier e Darwin, de Marx e Durkheim a Max Weber e Pareto, de Humboldt e Planck a Poincaré e Einstein. E de tal modo é assim que é possível dizer que em termos científicos vivemos ainda no século XIX e que o século XX ainda não começou, nem talvez comece antes de terminar. E se, em vez de no passado, centrarmos o nosso olhar no futuro, do mesmo modo duas imagens contraditórias nos ocorrem alternadamente. Por um lado, as potencialidades da tradução tecnológica dos conhecimentos acumulados fazem-nos crer no limiar de uma sociedade de comunicação e interativa libertada das carências e inseguranças que ainda hoje compõem os dias de muitos de nós: o século XXI a começar antes de começar. Por outro lado, uma reflexão cada vez mais aprofundada sobre os limites do rigor científico combinada com os perigos cada vez mais verossímeis da catástrofe ecológica ou da guerra nuclear fazem-nos temer que o século XXI termine antes de começar.pt
dc.language.isoporpt
dc.publisherUniversidade de São Paulopt
dc.rightsopenAccesspt
dc.rights.urihttp://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/pt
dc.titleUm discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pós-modernapt
dc.typearticle-
degois.publication.firstPage46pt
degois.publication.lastPage71pt
degois.publication.issue2pt
degois.publication.locationSão Paulopt
degois.publication.titleEstudos Avançadospt
dc.relation.publisherversionhttp://www.revistas.usp.br/eav/article/view/8489pt
dc.peerreviewedyespt
degois.publication.volume2pt
dc.date.embargo1988-01-01*
uc.date.periodoEmbargo0pt
uc.controloAutoridadeSim-
item.openairetypearticle-
item.fulltextCom Texto completo-
item.languageiso639-1pt-
item.grantfulltextopen-
item.cerifentitytypePublications-
item.openairecristypehttp://purl.org/coar/resource_type/c_18cf-
crisitem.author.researchunitCES – Centre for Social Studies-
crisitem.author.parentresearchunitUniversity of Coimbra-
crisitem.author.orcid0000-0003-3359-3626-
Appears in Collections:I&D CES - Artigos em Revistas Internacionais
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